Exibições mais consistentes, resultados em crescendo, pés invariavelmente na terra. Apesar de estar a atravessar o melhor momento no Tottenham, liderando o grupo na Liga Europa e partindo para a oitava jornada com apenas menos dois pontos do que o Liverpool (que iria jogar em Manchester com o City), José Mourinho não desviou em nada o discurso focado no presente e um bom exemplo disso mesmo foram os comentários à exibição de Giovani Lo Celso, que foi considerado o MVP no triunfo frente ao Ludogorets mas acabou “criticado” pelo técnico.

Da resposta ao jornalista nigeriano à nova moda do Instagram, é justo dizer que Mourinho is back (e o Tottenham também)

“Ele tem recuperado, passo a passo. Sinto que, quando joga, não é o Gio que conhecemos, não é o Gio que pode ser um jogador fantástico. Com bola tem um grande critério, sabe o que faz e percebe a forma como queremos jogar, claro. Mas precisamos de estar em melhor forma para sermos mais intensos e mais fortes nas transições. Ele jogou durante mais de uma hora, num jogo em que, claro está, precisávamos de vencer, mas também foi como que uma sessão de treino para ele melhorar o seu ritmo de jogo. Teve problemas durante a quarentena, não treinou durante esse período. Enquanto os outros se preparavam, ele passava por altos e baixos nessa fase”, referiu.

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A tendência não fugiu na abordagem ao encontro com o West Bromwich Albion, ou WBA, equipa sem vitórias nos sete primeiros jogos da Premier League e colocavam em causa o futuro do seu técnico, Slaven Bilic. “Liderança no final desta jornada, título? No, no, no, no, no… Tenho anos de experiência de futebol. Não é um par de vitórias que me coloca na lua, não é um par de derrotas que me leva para o inferno. Tem tudo a ver com equilíbrio, ir seguindo jogo a jogo, tentar sempre melhorar e depois ver o que acontece. Como vejo a nossa época? Esperava ter mais alguns pontos no Campeonato. Perdemos pontos que não devíamos na Premier League, da mesma forma como temos seis pontos na Liga Europa e estava à espera nesta fase de ter os nove pontos”, salientou.

No entanto, e como há sempre qualquer coisa de “diferente” quando José Mourinho é um dos protagonistas, a situação de Gareth Bale mereceu um comentário mais longo por parte do português com declarações que criaram alguma polémica. “Não é [Ryan] Giggs o responsável por estas partidas e lamento isso porque nos últimos jogosele ligou-me, estivemos a falar sobre Ben Davies e trocámos algumas opiniões sobre a situação, algo que não irá acontecer desta vez. E o facto de um dos treinadores pertencer à equipa técnica do Arsenal [Albert Stuivenberg] não me deixa muito confortável. Para ser sincero, não me deixa de todo confortável. As seleções nacionais deveriam ter treinadores que trabalhassem de forma única e exclusiva para elas e não treinadores que trabalham para outros clubes. Na quinta-feira senti que já é capaz de jogar os 90 minutos. Está a melhorar a cada dia que passa. Mas não é sobre poder ou não poder, é sobre saber controlar a situação e resguardá-lo ao máximo porque ele é um jogador que precisa de ser resguardado, até porque teve problemas que chegue no passado. Está a trabalhar bastante e nós também estamos a fazer o mesmo de forma muito cuidadosa com ele, até porque ninguém quer estragar o trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos meses”, lançou o técnico do Tottenham.

Bale seria aposta inicial de Mourinho, formando um tridente ofensivo com Son e Kane como há muito se esperava que começasse a ser a opção inicial do Tottenham. No entanto, e até pela forma como o West Bromwich Albion abordou o jogo, cedo se percebeu que o encontro seria tudo menos fácil para os londrinos, apesar de uma situação flagrante que começou em mais um bom recuo estratégico de Harry Kane, lançou Ndombelé para isolar Son mas o sul-coreano demorou demasiado a rematar e a tentativa acabou desviada para canto (12′). Até ao intervalo as oportunidades não foram muitas e o nulo acabou de forma natural, com o médio encarnado Krovinovic a ter algumas boas saídas que colocaram a defesa dos londrinos em perigo mas sem muito trabalho para Hugo Lloris.

No segundo tempo, e quando Bilic parecia ter o encontro no ponto que queria, notou-se uma grande quebra física no WBA, que deixou de ter o discernimento para chegar ao último terço contrário, Mourinho forçou com as entradas de Lo Celso, Lucas Moura e Carlos Vinícius, conseguiu “partir” o jogo na procura de mais espaços para chegar à baliza dos visitados e acabou por arrancar uma vitória “à campeão”, num grande cabeceamento de Harry Kane de costas após cruzamento de Matt Doherty quando dava ideia que o guarda-redes Johnstone poderia chegar primeiro à bola (88′). Estava feito o golo do triunfo, estavam carimbados mais três pontos e estava garantida a liderança à condição da Premier League, à espera do resultado do Leicester-Wolverhampton, que recolocou os foxes na frente dos spurs, e do Manchester City-Liverpool, o jogo grande desta jornada.

Artigo atualizado às 16h depois da vitória do Leicester frente ao Wolverhampton