Japão, Estados Unidos, China e Rússia. As equipas de ginástica dos quatro países encontraram-se este domingo para um meeting amigável em Tóquio — que, mais do que para competir verdadeiramente, serviu para testar a capacidade de preparação da capital japonesa para os Jogos Olímpicos agendados para o verão de 2021. Com um total de apenas 30 ginastas, a prova foi o primeiro evento internacional a ter lugar em Tóquio depois do adiamento dos Jogos, em março.

Demorou mas fez-se luz: Jogos Olímpicos de Tóquio adiados para 2021 (mas nunca depois do verão)

O meeting aconteceu no Yoyogi Gymnasium, o local que recebeu as competições de natação dos Jogos Olímpicos de 1964 e que em 2021 vai acolher o andebol. Cerca de 2 mil pessoas assistiram à competição — um número muito longínquo dos 15.400 atletas olímpicos e paralímpicos, mais outros milhares de elementos de staff, juízes, organização e comunicação social que no próximo verão vão viajar para Tóquio. Sendo que, no que diz respeito aos Jogos, ainda não é certo que as competições tenham público.

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Todos os atletas tiveram de cumprir uma quarentena obrigatória de duas semanas antes de viajar para o Japão, foram testados diariamente e ficaram sob uma rotina muito restrita na cidade, já que não puderam deixar o andar do hotel que lhes estava reservado e viajaram para o local da competição em autocarros específicos. O magnésio antiderrapante, normalmente partilhado por todos, foi transportado individualmente por cada atleta, sendo que a desinfeção de mãos e pés era mandatória à entrada para o recinto. Neste particular, acabou por saltar à vista a forma como os atletas da comitiva chinesa chegaram ao aeroporto — com fatos completos de proteção, da cabeça aos pés, para além de máscaras e óculos.

“Não tenho qualquer problema com o local e não existem restrições dentro do ginásio. Sinto-me muito confortável aqui. O meu único problema é a vida dentro do hotel. Fiquei surpreendida com o facto de não podermos andar livremente, nem sequer dentro do hotel. Queria dar um passeio por Tóquio mas neste momento é possível e compreendo totalmente”, disse Angelina Melnikova, uma ginasta russa, à Associated Press. Já a organização dos Jogos Olímpicos garantiu que vai olhar para este meeting como uma “referência importante” na hora de considerar “medidas e outros métodos organizacionais” para a competição do próximo verão.

[Ouça aqui a entrevista completa de José Manuel Constantino à Rádio Observador:]

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José Manuel Constantino, o presidente do Comité Olímpico de Portugal, comentou precisamente este meeting esta segunda-feira, em conversa com o programa “Nem Tudo o Que Vai à Rede é Bola” da Rádio Observador. “Eu estava esperançado de que se encontrassem soluções, ou do ponto de vista da vacina ou de outra natureza, que permitissem que os Jogos se realizassem o mais próximo possível dos Jogos em situação de normalidade. Esse é o meu desejo, é a minha esperança e a minha vontade. Mas hoje de manhã vi na imprensa internacional aquilo que tinha acontecido numa experiência que se fez, numa competição de ginástica em Tóquio”, começou por dizer.

“A notícia vinha acompanhada de uma fotografia de alguns atletas a chegar ao aeroporto e vinham de tal maneira que pareciam extraterrestres. Com fatos totais de isolamento. Enfim… É uma situação profundamente atípica, profundamente estranha. Foram feitos inúmeros testes e existiu uma grande restrição à mobilidade dos atletas, incluindo nos hotéis. E eu espero, desejo, que se confirmem as notícias desta manhã em relação à vacina (…) e que os Jogos se realizem num contexto o mais próximo possível de um contexto normal. Sem prejuízo, obviamente, das medidas de segurança e do controlo sanitário. Mas que não obriguem o Comité Olímpico, para além do vestuário que já tem de adquirir, a adquirir aqueles fatos meio espaciais que eu hoje tive a oportunidade de ver”, completou José Manuel Constantino.