A afluência à urgência polivalente do Hospital de São José, em Lisboa, de vítimas de acidentes de trabalho e de viação voltou aos níveis normais, após um período de quebra durante o confinamento imposto pela pandemia de Covid-19.

“O grande trauma, que diminuiu substantivamente na primeira vaga [da pandemia], neste momento está restabelecido. Nós temos que enfrentar esses problemas que são muito complexos do doente traumatizado e politraumatizado”, disse à agência Lusa o diretor clínico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), Pedro Soares Branco.

Apesar desta situação, o número de afluência à urgência polivalente do São José tem vindo a diminuir, “mas pode ser essencialmente à custa dos doentes que verdadeiramente nunca cá deviam ter vindo em circunstância alguma” porque não eram casos urgentes.

“Nós, neste momento recuperámos toda a afluência em termos de traumatologia resultante por exemplo de acidentes laborais, de acidentes de viação”, disse Pedro Soares Branco.

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Por outro lado, as doenças mais graves, como por exemplo os enfartes, os AVC etc. estão a afluir à urgência e a procurar os serviços do hospital.

Para não entupir as urgências e libertar “os médicos para enfrentar os problemas graves, que têm que enfrentar”, o diretor clínico apelou às pessoas só recorram ao hospital quando forem situações mesmo de urgência.

Em média, ocorrem centenas de pessoas por dia à Urgência Polivalente do Hospital do São José, que dada a sua elevada diferenciação técnica admite todos os doentes, independentemente da sua proveniência, servindo uma área de referenciação alargada estimada em 2,3 milhões de habitantes.

“Temos picos de 500, 600 doentes e depois temos outros dias que pode baixar para cerca de 350, 400 doentes. Depende muito obviamente das épocas, às vezes, dos dias e mesmo das semanas”, disse, por seu turno, à Lusa a presidente do CHULC, Rosa Valente Matos.

“Somos uma urgência polivalente, não servimos só a nossa área de influência, servimos todo o resto do país” porque “somos um hospital final de linha e temos de estar preparado para receber doentes também não Covid-19”, sublinhou Rosa Valente Matos.

Para Rosa Valente Matos, a mensagem que tem de se passar à população é que as pessoas devem ir ao hospital quando precisam e sintam que “o hospital é um lugar seguro”.

“Temos diabéticos, hipertensos, temos doentes com situações mais graves que não pode deixem de vir ao hospital”, porque correm o risco de vir a ter “situações mais graves e mais complicadas e precisarem de mais recursos e isso implica muitas vezes a não existência deles”, alertou.

O CHULC tem três urgências abertas (São José, D, Estefânia e a Maternidade Alfredo da Costa). “Somos realmente um centro hospitalar com características diferentes”, apesar de “estarmos em instalações centenárias e algumas com séculos, como é por exemplo São José, Santa Marta ou mesmo os Capuchos”.

Rosa Valente Matos disse que as pessoas “perguntam muitas vezes se não era mais fácil” se estivesse já construído o futuro Hospital de Lisboa Oriental. Apesar de considerar que “é muito urgente” a sua construção, disse que não se pode parar todo o processo de adaptação de instalações devido à pandemia para poder continuar assegurar o atendimento aos doentes Covid e não Covid.