As Canárias receberam este fim de semana 2.188 imigrantes chegados em barcos e caiaques, o que representa um duplo recorde, não havendo precedentes de uma afluência como esta em apenas 48 horas na história local.

O mesmo se passa com o dia de sábado, com 1.461 resgatados, noticia esta segunda-feira a agência EFE.

Segundo números oficiais a que a agência espanhola teve acesso, no sábado foram resgatados no mar ou alcançaram a costa pelos próprios meios 1.461 imigrantes, em 33 barcos e caiaques, enquanto no domingo chegaram outros 727 a bordo de 25 embarcações.

A contagem realizada pelos diferentes serviços de segurança e emergência que intervêm nesta crise migratória atinge números que por vezes divergem, entre outros motivos, pelo critério que segue cada um para calcular os barcos que transitam entre dois dias, ou seja, aqueles cujos ocupantes foram resgatados, por exemplo, na última hora de domingo, mas chegaram com o Salvamento Marítimo a terra na madrugada de segunda-feira.

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Num caso como este, a estatística oficial pela qual se regem os balanços quinzenais do Ministério do Interior assinala essas pessoas no dia em que foram resgatadas.

“Nunca vivemos algo assim, sobretudo como sábado”, reconheceu esta segunda-feira à EFE um elemento da Cruz Vermelha, veterano da crise dos caiaques de 2006-2007.

As cifras deste fim de semana elevam o balanço global do ano para cerca de 15.000 pessoas chegadas de barco às Canárias, ainda longe dos 31.678 imigrantes que desembarcaram nestas ilhas em 2006, mas fazendo com que 2020 vá ficar na história.

Desde que em 1996 chegou a Fuerteventura o primeiro barco de que se tem conhecimento nas Canárias, o ano em curso é o segundo mais intenso em fluxos de imigrantes de toda a história. Na crise de 2007, chegaram às ilhas 12.478 pessoas em situação irregular.

Foram estabelecidos três recordes: maior volume de chegadas num só dia, 7 de novembro, com 1.461, maior afluência em 48 horas seguidas, com 2.188 este fim de semana e mês com mais resgastes, outubro, com 5.328 pessoas.

Há que ter em conta que 11.000 dos 15.000 chegados este ano, chegaram nos últimos dois meses e meio.

A 1 de setembro, a estatística do Interior registava 3.933 imigrantes nas Canárias ao longo do ano.

O número acumulado 69 dias depois ronda os 15.000 (a última referência oficial foi dada na sexta-feira pelo presidente canarino, Ángel Víctor Torres, 12.743, aos quais se somam os dessa tarde e os 2.188 deste fim-de-semana).

O mesmo é dizer que, desde 1 de setembro, as Canárias receberam 160 imigrantes diários por barco, um ritmo que duplica o do ano de maior afluência da crise dos caiaques, cuja média foi de 87 diários.

Além do mais, a maior parte das chegadas do último mês — e também do fim de semana, concentram-se numa única ilha, a Grande Canária, o que provocou que o acampamento de emergência do molhe de Arguineguín começasse o dia desta segunda-feira com 1.871 imigrantes à espera de serem identificados, de fazerem os testes de Covid e de lhes destinarem um lugar na rede de acolhimento humanitário, já em sobrelotação.