O grupo parlamentar do PSD requereu esta segunda-feira à ministra da Saúde informação sobre o mecanismo que permitiu que, de setembro para outubro deste ano, 46.000 utentes passassem a ter médico de família no concelho da Amadora, distrito de Lisboa.

Tendo em consideração que um médico de família poderá em média acompanhar 1.900 utentes e que cerca de 46.000 utentes no último mês [outubro] passaram a ter médico de família, perguntamos se é verdade que, na Amadora, no último mês, foram colocados 24 novos médicos?”, avançaram os deputados do PSD Carlos Silva e Ricardo Baptista Leite.

Num requerimento entregue na Assembleia da República, com perguntas dirigidas ao Governo, através da ministra da Saúde, Marta Temido, os deputados do grupo parlamentar do PSD pretendem saber qual o mecanismo que permitiu que, de um mês para o outro, 46.000 utentes sem médico de família passassem a ter o seu respetivo médico, quantos médicos de família foram colocados nos centros de saúde da Amadora no último mês e qual o rácio de número de utentes por médico de família neste concelho do distrito de Lisboa.

Segundo os dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde, há dois meses, em setembro deste ano, a Amadora era o concelho do país com maior carência de médicos de família, com 169.610 utentes inscritos, dos quais 119.782 (70,62%) com médico de família e 49.428 (29,14%) sem médico de família, lê-se no requerimento.

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“Um mês depois, curiosamente e com espanto, verificamos que afinal no concelho da Amadora apenas cerca de 3.000 cidadãos, não têm médico de família, resumindo 98% da população da Amadora passou a ter médico de família”, indicaram os deputados do PSD, revelando que os dados oficiais apontam para 160.617 utentes inscritos, dos quais 157.181 (97,86%) com médico de família e 3.427 (2,13%) sem médico de família.

Neste sentido, o grupo parlamentar do PSD quer respostas do Governo sobre “qual o destino dos cerca de menos 9.000 utentes inscritos em outubro no ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] da Amadora, face a setembro”.

Entre as perguntas está ainda uma questão sobre quantos médicos pediram a aposentação durante o ano de 2020 e a quantos foi atribuída, segundo o requerimento apresentado pelo PSD.

Para os deputados sociais-democratas Carlos Silva e Ricardo Baptista Leite, Amadora tem sido um dos municípios mais afetados pela pandemia, inclusive por se tratar do concelho com maior densidade populacional do país, ultrapassando mesmo o concelho de Lisboa.

“Mas este facto não obsta nem deve desculpar o esquecimento a que têm sido votadas as populações da Amadora por parte do Governo, pelo contrário, este fator deveria colocar uma exigência acrescida na disponibilização de cuidados de saúde às populações”, afirmaram os deputados do PSD, lamentando a “constante degradação” dos cuidados prestados nas diversas unidades de saúde.

Como exemplo dessa deterioração, os deputados consideraram “incompreensível” o encerramento de serviços fundamentais de saúde no Hospital Amadora/Sintra, que serve uma população de mais de 500.000 pessoas, referindo que a situação é ainda mais caótica ao nível dos centros de saúde, em que “a população da Amadora está sujeita a uma carência permanente de médicos de família”.

Segundo os sociais-democratas, o concelho de Amadora lidera atualmente o número de vagas médicas por ocupar no país, em que faltam 18 médicos de família, pelo que “esta situação é grave, penalizadora e injusta para os amadorenses e desmotivante para os profissionais de saúde que todos os dias tentam dar o melhor de si, no combate à pandemia e na melhoria dos cuidados de saúde das populações”.