A justiça espanhola iniciou esta terça-feira em Madrid o julgamento dos três homens suspeitos de ajudarem a célula jihadista responsável pelo duplo ataque que matou 16 pessoas em 2017 em Barcelona e noutra cidade da Catalunha.

A primeira sessão do julgamento começou às 10h10 (09h10 em Lisboa) no tribunal especial que trata este tipo de casos mais graves, Audiência Nacional, e espera-se que dure até 16 de dezembro próximo.

Os ataques de 17 e 18 de agosto de 2017, reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e que também deixaram 140 pessoas feridas, tiveram como alvo a famosa avenida das Ramblas, no centro de Barcelona (nordeste de Espanha, junto ao Mediterrâneo), quando um carro avançou pela zona pedonal e atropelou mortalmente 14 pessoas.

O agressor, de 22 anos, fugiu num carro, depois de matar o condutor, e, algumas horas mais tarde, cinco cúmplices esfaquearam os transeuntes na estância balnear catalã de Cambrils, a cerca de 120 quilómetros a sudoeste de Barcelona, e agrediram numa mulher até à morte.

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Estes seis jihadistas foram mortos pela polícia após os ataques.

O Ministério Público espanhol pediu em julho passado penas de prisão de entre oito e 41 anos de cadeia para os três cúmplices que agora vão ser julgados.

A acusação pede 41 anos de prisão para o principal suspeito, Mohamed Houli Chemlal, de 23 anos, sobrevivente da explosão na casa da célula terrorista, em Alcanar (Tarragona), e 36 para Driss Oukabir, de 31 anos, irmão de um dos terroristas mortos e em nome do qual foi alugada a carrinha utilizada nas Ramblas.

Os dois são acusados de pertencerem a uma organização terrorista, fabrico e posse de material explosivo, e conspiração para cometer atos terroristas relacionados com os planos de ataque à Sagrada Família, um dos monumentos mais conhecidos de Barcelona.

Para o terceiro arguido, Said Ben Iazza, de 27 anos, o Ministério Público solicita oito anos de prisão por colaboração com o grupo terrorista.

Nenhum deles foi acusado como responsável pelas 16 mortes e 140 feridos na operação, uma vez que os membros da célula que cometeram esses crimes foram mortos pela polícia regional (Mossos d’Esquadra) ou morreram na explosão de uma casa em Alcanar (200 quilómetros a sudoeste de Barcelona).

A Audiência Nacional recusou-se a estender a acusação e considerá-los como coautores dos assassínios consumados e das tentativas de assassínio.

O imã suspeito de ter doutrinado e recrutado uma dúzia de jovens de origem marroquina na aldeia de Ripoll (Pirenéus) foi morto na explosão da casa de Alcanar provocada pelos explosivos que aí armazenavam.

Essa explosão acidental alterou os planos iniciais do grupo, levando-os a improvisar o ataque a Barcelona e Cambrils.

As 16 vítimas do duplo ataque, na sua maioria turistas, eram de vários países (Espanha, Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Itália e Portugal). Entre elas estavam duas crianças, de três e sete anos.