A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do Brasil, autorizou esta quarta-feira a retoma dos testes da Coronavac, potencial vacina chinesa contra a Covid-19, após a morte de um voluntário no país.

“A Anvisa informa que acaba de autorizar a retomada do estudo clínico relacionado à vacina Coronavac, que tem como patrocinador o Instituto Butantan”, indicou o órgão regulador brasileiro em comunicado.

Após avaliar os novos dados apresentados pelo patrocinador depois da suspensão do estudo, a Anvisa entende que tem subsídios suficientes para permitir a retomada da vacinação e segue acompanhando a investigação do desfecho do caso, para que seja definida a possível relação de causalidade entre o evento adverso grave inesperado e a vacina”, acrescentou.

A agência informou ainda que não vai divulgar a natureza do evento adverso ocorrido “em respeito à privacidade e integridade dos voluntários da pesquisa”.

A suspensão dos testes da Coronavac no Brasil foi anunciada na segunda-feira pela Anvisa, após ser notificada da ocorrência da morte de um voluntário, não tendo confirmado a causa do óbito, apesar de a imprensa local noticiar que foi suicídio.

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O presidente da Anvisa, António Barra Torres, disse numa conferência de imprensa, na terça-feira, que o órgão parou os testes da Coronavac porque era a “única decisão a ser tomada” naquele momento, frisando que se tratou de uma “decisão técnica”.

As autoridades não confirmam oficialmente sobre as causas da morte de um voluntário de 33 anos, em 29 de outubro, que participava na terceira fase do ensaio da Coronavac, que motivou a suspensão.

A Rede Globo e outros media locais exibiram um boletim de ocorrência da polícia brasileira sobre o caso do alegado voluntário, que não foi identificado, em que consta suicídio como causa da morte.

A Anvisa decidiu assim suspender os testes, decisão que manteve até ao recebimento de recomendações por parte de um comité internacional de investigadores independentes que analisa o desenvolvimento do imunizante.

Na noite de terça-feira, o órgão regulador informou que recebeu o documento proveniente do comité internacional, do qual resultou a decisão de retomar os testes.

A suspensão dos estudos do imunizante levaram a um confronto entre a Anvisa e o Instituto Butantan, de São Paulo, que tem uma parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac para fabricar a vacina e conduzir os ensaios de fase três no Brasil.

Logo após o anúncio da paralisação, o diretor do instituto, Dimas Covas, disse estranhar a decisão da agência, porque o evento adverso se tratava de um “óbito não relacionado à vacina”.

Também a reação do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, à suspensão dos testes causou polémica, após este ter declarado “vitória”, o que gerou várias criticas, quer por parte de políticos, quer de profissionais de saúde, que o acusaram de politizar o imunizante.

No mês passado, Bolsonaro já se tinha posicionado contra a aquisição da vacina chinesa, tendo obrigado o seu Ministério da Saúde a recuar na intenção de comprar o imunizante.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,7 milhões de casos e 162.829 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.275.113 mortos em mais de 51,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.