Foram quatro anos de praticamente todo o sucesso. Neymar chegou ao Barcelona em 2013, vindo do Santos e depois de ter conquistado a Taça Libertadores. Quando deixou a Catalunha, em 2017, levou na bagagem duas ligas espanholas, três Taças do Rei, uma Liga dos Campeões e um Mundial de Clubes. A época 2014/15, o ano em que o Barcelona de Luis Enrique ganhou o triplete, foi também o ano em que o trio ofensivo do clube se tornou o mais goleador da história do futebol espanhol numa única temporada: de agosto a junho, Messi, Suárez e Neymar marcaram 122 golos, recorde que voltariam a quebrar no ano seguinte com 131.

O conto de fadas acabou em 2017. Os representantes de Neymar fizeram um pagamento de 222 milhões de euros ao Barcelona e ativaram a cláusula de rescisão do jogador brasileiro depois de todos os pormenores terem sido fechados com o PSG. Neymar trocou Espanha por França e assim que aterrou em Paris recebeu a camisola 10 das mãos de Javier Pastore, que a considerou um “presente de boas vindas”. De lá para cá, entre lesões e algumas polémicas, o avançado é uma das grandes figuras da equipa de Thomas Tuchel, a par de Mbappé e Di María, e já foi tricampeão francês. Por reconquistar está ainda a Liga dos Campeões, perdida para o Bayern Munique na final do ano passado em Lisboa.

Mas os últimos três anos não foram desprovidos de reaproximações ao Barcelona. No verão de 2019, principalmente, vários meios de comunicação espanhóis deram praticamente como certo um regresso de Neymar a Camp Nou. A transferência não se concretizou — tal como não se concretizou uma ida para o Real Madrid que seria bombástica e que também chegou a andar pelas capas dos jornais — e as notícias que deram conta de que o brasileiro é o maior devedor individual do Fisco espanhol acabaram por afastá-lo quase irremediavelmente da Catalunha. Neymar deve 34,6 milhões de euros ao Fisco, segundo foi possível confirmar numa lista tornada pública em setembro, e não equaciona regressar a Espanha.

E agora, ao que parece, o jogador brasileiro também deve uma quantia avultada ao próprio Barcelona — ainda que a culpa seja inteiramente do clube. Segundo a edição desta quarta-feira do El Mundo, uma auditoria das Finanças espanholas às contas dos catalães detetou que o Barcelona pagou 10,2 milhões de euros a mais a Neymar durante o exercício de 2015. O erro ocorreu na retenção de impostos do jogador e o Fisco considera que o brasileiro beneficiou de “enriquecimento injusto”, já que o clube pagou um valor bruto superior ao valor líquido que estava negociado e firmado no contrato entre as duas partes. Neymar, claro, encaixou a diferença entre os dois valores.

Assim, as autoridades tributárias espanholas já alertaram o Barcelona para o facto de que, caso a situação não seja regularizada em breve, o valor em questão será considerado um “donativo” ao jogador. O clube já terá notificado os representantes de Neymar, para pedir a devolução dos mais de 10 milhões de euros, e deve avançar com uma ação judicial para provar que o jogador “reteve menos impostos do que os que lhe correspondiam” e ter assim uma garantia de que irá reaver o dinheiro.

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