A longa-metragem “Nós, Os Ursos: O Filme”, que se estreia em Portugal na sexta-feira, é a conclusão de uma história que incentiva a empatia e a aceitação das diferenças nas crianças, disse à Lusa o criador Daniel Chong.

Para mim, fazendo parte de uma minoria na América, os ursos foram sempre uma reflexão de como eu me sentia como um forasteiro, alguém que racialmente não sabia o seu lugar no mundo”, explicou o criador, sobre a série animada que passa no Cartoon Network.

“Mas há aqui uma proposta mais alargada, porque todos somos assim, de certa forma. Toda a gente está à procura de uma forma de se encaixar e encontrar aceitação”, afirmou. “Essa é a ideia maior que incentiva a empatia. As crianças veem os ursos e entendem que todos nos sentimos assim, mesmo que uns pareçam diferentes”.

Um dos aspetos interessantes do filme é que introduz várias personagens que são baseadas em animais famosos da internet. Uma delas é a Vaca Dramática, interpretada por Filomena Cautela na versão portuguesa, sendo a base da personagem o vídeo de um cão-da-pradaria com olhar dramático que se tornou viral em 2007. Outra personagem é baseada na gata que se tornou famosa por parecer estar sempre chateada, Grumpy Cat.

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Chong sublinhou que fez a série para toda a gente, mas que o poder da animação é muito importante para chegar às crianças. “É apelativa numa idade muito precoce, e é muito importante verem estas coisas básicas que queremos que saibam e sintam, de forma a que cresçam para serem seres humanos decentes”.

A história segue os ursos Pardo, Polar e Panda, que no filme se metem em trabalhos com o Departamento de Vida Selvagem e são obrigados a escapar, correndo o risco de serem separados.

O tema da fuga e da separação foi pensado antes da crise que aconteceu na fronteira entre os Estados Unidos e o México, com milhares de crianças separadas dos pais pelas autoridades, mas Chong explicou que o sucedido teve influência na história.

Já tínhamos este enredo e quando isso começou a acontecer nas notícias, foi um limiar, em que nos questionámos se devíamos abraçá-lo ou afastar-nos, porque podia levar as pessoas a rejeitarem a história”, disse o criador.

A equipa decidiu prosseguir, considerando que era um tema necessário. “Não estamos a tentar tomar posições políticas”, advertiu Chong. “Para nós, é uma questão de direitos humanos, de certo e errado, de como tratamos as pessoas que são diferentes de nós. Isso já estava no ADN da série por isso inclinámo-nos ainda mais e isso tornou-se um tema grande sobre o qual estávamos a refletir”, continuou. “Foi essa a nossa mentalidade quando abordámos este tópico bastante pesado”.

O filme, que se estreia no Cartoon Network esta sexta-feira, serve como conclusão da série animada. “Põe um ponto final simpático na série, ainda que essa não fosse a intenção original”, frisou Chong.

No entanto, o franchise de “Nós, Os Ursos” continua a crescer, estando previsto um spin-off e a continuação da disponibilidade da série nas plataformas de streaming. Foi isso que permitiu aos ursos atingirem uma audiência muito mais alargada do que a que sintonizou a série inicialmente.

“Quando estreámos em 2015, fomos apanhados no fogo cruzado da televisão tradicional e das plataformas de streaming. Sabemos quem ganhou essa luta”, afirmou Daniel Chong. Na altura, “a série estava com dificuldade em encontrar uma audiência, porque havia uma grande migração para o streaming”, mas com o passar do tempo isso mudou.

“Agora que o pó assentou, muitas pessoas encontraram-nos através do streaming. O canal foi excelente e manteve-se do nosso lado e isso trouxe-nos a este ponto em que a série é muito mais conhecida que antes”, afirmou.

“Nós, Os Ursos: O Filme” estreia-se às 20h15 de sexta-feira, 13 de novembro, no Cartoon Network Portugal.