O PSD entende que o Governo precisa de arrepiar caminho e afinar a estratégia para evitar que a situação pandémica fique ainda mais “descontrolada”. Os sociais-democratas defendem, por isso, que o Governo deve usar toda a capacidade instalada para testar e identificar e isolar todos os casos suspeitos no período de 24 horas.

“Portugal não está a fazer o suficiente. A testagem é um elemento crítico sem o qual não há controlo da pandemia”, sublinhou Ricardo Batista Leite, deputado e membro do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD, numa conferência de imprensa em que o partido deixou uma série de recomendações ao Governo.

Além de garantir testagem de todos os casos suspeitos em 24 horas, os sociais-democratas entendem que deve deixar de existir obrigatoriedade de receita para fazer o teste e que o Governo deve estudar a hipótese de recorrer a estudantes na área da Saúde para fazer o acompanhamento telefónico desses pacientes.

Outra prioridade, explicou Batista Leite, é garantir as condições básicas de isolamento, nomeadamente através de compensação financeira para quem está obrigado a ficar em casa, para que ninguém se sinta na necessidade de quebrar a quarentena. Nesse particular, os sociais-democratas entendem que o Estado deve contratualizar com hotéis de norte a sul do país espaços e quartos para receber pessoas que estejam infetadas com Covid-19.

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Deve existir também um “mapeamento de todos os lares, legais e ilegais, e perceber os que têm condições”, continuou Batista Leite. Para os que não têm, deve ser colocado em prática um “plano de evacuação imediato” e o transporte desses utentes para estruturas de retaguarda.

Em lares, escolas e outros “circuitos de alto risco”, como as prisões, a testagem deve ser um prioridade e os profissionais desses estabelecimentos devem fazer testes semanalmente, propõe o CEN.

Noutro aspeto, os sociais-democratas entendem que a “comunicação” ao país “tem de melhorar francamente”, e desafiam o Governo a “trazer especialistas internacionais que possam ajudar” fazê-lo de forma mais eficaz.

Mais importante ainda, assinalou Batista Leite, é garantir que há resposta e capacidade instalada para doentes covid e não-covid. Além da contratação de mais profissionais de saúde, em particular de médicos de cuidados intensivos, os sociais-democratas entendem que o Governo deve recrutar profissionais que receberam formação nesta área nos últimos cinco anos e estudar a hipótese de recorrer a médicos estrangeiros.

Nesse aspeto, e em particular para responder aos doentes não-covid, o PSD defende que o Estado deve fazer um acordo global com o setor privado e social para que possa de facto “utilizar o sistema de saúde como um todo”. Batista Leite voltou a lembrar os números da mortalidade excessiva em Portugal para pressionar o Governo a fazer mais. “Percebemos que há uma situação grave por cada morte de covid-19 há duas pessoas que morreram por outras causas. E isto resulta, em grande parte, na dificuldade de acesso à saúde”, notou o social-democrata.

O PSD desafiou também o Governo a aumentar o investimento previsto na aquisição de vacinas contra a covid e a reformar a posição estratégica do país na aquisição de medicamentos que possam ser eficazes, oferecendo-se, por exemplo, para ensaios clínicos nesse campo.

A terminar, Batista Leite insistiu que o Governo deve prepara já um “plano de ação claro para quando se levantarem as restrições” e constituir duas “duas equipas multidisciplinares”: uma que esteja focada para preparar a segunda fase de inverno e primavera; e outra para estudar as reformas necessárias na saúde para a fase pós-pandemia.