O eurodeputado Paulo Rangel (PSD) insistiu esta quarta-feira junto do chefe da diplomacia da União Europeia (UE) sobre a situação no norte de Moçambique, perguntando sobre que ações concretas foram já desenvolvidas pelo bloco europeu para ajudar a acabar com o extremismo islâmico.

Rangel questionou o Alto-Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, sobre o “tipo de intervenção ou iniciativa tem a UE levado a cabo no sentido de apoiar as autoridades moçambicanas a fazer face ao problema” da violência extremista islâmica no norte do país.

O eurodeputado, que já em maio tinha solicitado informação a Borrell sobre Moçambique, inquiriu ainda sobre as ajudas concretas disponibilizadas pela UE ao país.

Em que medida tem a UE procurado exercer a sua influência junto de organizações regionais como a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, no sentido de incentivar uma estratégia comum para combater uma ameaça que é, cada vez mais, regional”, perguntou ainda.

“Moçambique continua abandonado perante a onda de violência extremista islâmica no norte do país”, denunciou Rangel, salientando que a violência está a causar uma crise humanitária de “proporções catastróficas”.

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Vários órgãos de comunicação moçambicanos, portugueses e internacionais relataram um massacre perpetrado pelo grupo terrorista Estado Islâmico, no final da semana passada, em Cabo Delgado, com início na aldeia de Nanjaba.

Segundo a BBC, que cita a Agência de Informação de Moçambique e o site Pinnacle News, mais de 50 pessoas foram sequestradas e depois decapitadas na aldeia de Muatide, “num campo de futebol que se transformou num campo de extermínio”. De acordo com estas fontes, as decapitações terão sido realizadas entre a passada sexta-feira e domingo.

O portal de notícias Pinnacle News fala mesmo em centenas de vítimas e “cerca de 40 decapitações” noutras aldeias, incluindo de muitas “crianças com menos de 15 anos”.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas e que se intensificaram este ano. Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de 1.000 a 2.000 vítimas. Segundo dados oficiais, há, pelo menos, 435 mil deslocados internos.

A capital de Cabo Delgado, Pemba, está desde meados de outubro a receber uma nova vaga de deslocados, que viajam em barcos precários.

As vítimas da violência na região rica em gás natural têm se espalhado por outras regiões, nomeadamente as vizinhas províncias de Niassa e Nampula, mas as autoridades locais já têm oferecido ajuda a famílias refugiadas que chegam mais a sul, nomeadamente à Zambézia e Sofala.