O ex-Presidente francês François Hollande ofereceu-se esta sexta-feira para ajudar a construir uma nova força política de esquerda capaz de ter peso nas próximas eleições presidenciais, em 2022.

“O que posso fazer como antigo Presidente com a minha experiência é trabalhar na construção de uma nova força política. Sem ela, a esquerda que aspira a governar não terá candidatura capaz de ganhar a eleição presidencial”, disse Hollande numa entrevista ao diário Le Parisien.O ex-presidente, que dirigiu a França entre 2012 e 2017, registou baixos níveis de apoio popular durante o seu mandato, atingindo níveis históricos em duas ocasiões, com a desaprovação de oito em cada dez franceses, segundo várias sondagens.

Após anunciar que não se candidataria à reeleição em 2017, quando foi eleito Presidente o seu ministro da Economia, Emmanuel Macron, Hollande tem defendido nos últimos anos a sua passagem pelo poder e lamentado ter sido injustamente criticado.

A formação socialista, que em 2017 teve como candidato o ex-ministro da Educação Benoit Hamon, registou os seus piores resultados, nas presidenciais como nas legislativas. Teve de vender a sua sede histórica para enfrentar os problemas financeiros e procura reconstituir-se desde então.

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Nos últimos meses, Hollande tem multiplicado a sua presença nos media, mostrando esta última que não acredita que o Partido Socialista tenha capacidade para recuperar a sua força, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

Ao Le Parisien, Hollande defendeu que a solução política em França virá de um movimento de esquerda e que quem o liderar deverá devolver a esperança.

“A mediocridade de cálculos (partidários) e ambições não terá lugar. Não estou com uma mentalidade de vingança, muito menos com ressentimento. Acima de tudo quero que seja possível renovar a democracia francesa em 2022”, disse.

Considerou ainda que a França é esta sexta-feira “terreno propício para os movimentos populistas” com um poder frágil que “não dispõe de apoio popular, nem uma rede de deputados inseridos no território” e com os grandes partidos caídos em desgraça e sem a sua tradicional influência, quer à direita, quer à esquerda.