Ainda nos rescaldo do resultado das eleições que lhes deram a vitória, Joe Biden e Kamala Harris já começaram a preparar terreno para a transição de poder que deve acontecer no próximo dia 20 de Janeiro. E divulgaram, na terça feira, uma lista de mais de 40 nomes que vão constituir as equipas da agência de revisão (Agency Review Teams), responsáveis por estruturar um plano que permita a transição da administração Trump para a recém formada dos democratas.

Da lista, segundo avançam a Protocol e a Ars Technica, constam alguns nomes que já haviam feito parte da administração Obama e que estão ligados a grandes  empresas de tecnologia norte americanas. Líderes de empresas como a Uber, LinkedIn, Lyft, Airbnb, Dropbox, Stripe e Amazon são algumas das representações escolhidas por Joe Biden. As nomeações deixam clara a intenção de dar aos veteranos de Silicon Valley uma participação na definição da abordagem do governo Biden a uma ampla gama de funções federais, desde o desenvolvimento de políticas comerciais até ao apoio a pequenas empresas.

De fora, no entanto, ficaram gigantes como Apple, Twitter, Facebook e Google. Esta decisão pode significar, segundo alguns especialistas, o reflexo das medidas que a administração Biden-Harris pretende aplicar na indústria, com especial ênfase na regulamentação da privacidade e proteção do consumidor. Isto numa altura em que o crescimento acentuado destas Big tech, que apresentaram números record em outubro, parece ter causado desconforto dos dois lados do corredor, sendo um dos potenciais pontos de convergência entre democratas e republicanos.

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Mark Zuckerberg ficou de fora da lista de Joe Biden

Recorde-se também que já em janeiro Joe Biden, num artigo publicado no The New York Times, tinha manifestado a intenção de revogar a secção 230 do Communications Decency Act, uma parte da lei dos Estados Unidos que concede proteções de responsabilidade abrangentes a empresas de tecnologia para conteúdo publicado nas suas plataformas.

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Entre as propostas de alteração às medidas de alívio fiscal implementadas por Donald Trump constam, por exemplo, o aumento do imposto corporativo de 21 para 28%; aplicação de um imposto mínimo sobre todos os lucros estrangeiros de empresas americanas localizadas no exterior, na tentativa de impedir o uso de paraísos fiscais; aumento dos impostos para quem apresente ganhos superiores a mais de 400 mil dólares por ano ou penalizar empresas que enviam empregos para o exterior.

Sobre as nomeações da agência de revisão, Tom Sullivan, membro da equipa de política internacional da Amazon, ajudará a examinar o Departamento de Estado, e Mark Schwartz, estratega empresarial da Amazon Web Services, foi nomeado para a equipa do Office of Management and Budget.

Também envolvidos na revisão do orçamento estão Brandon Belford, um diretor sénior da gigante de viagens Lyft, e Divya Kumaraiah, líder de estratégia e programa da plataforma de partilha de casas Airbnb.

Matt Olsen, diretor de confiança e segurança da Uber, foi escolhido para o painel de revisão da comunidade de intelligence. Michael Hornsby, da gigante de software Salesforce, está na equipa de Administração de Serviços Gerais, enquanto Phillip Carter, consultor jurídico sénior da Tableau Software, propriedade da Salesforce, apoia o Departamento de Assuntos de Veteranos.

Nicole Isaac, diretora sénior de política do LinkedIn para a América do Norte fará parte do painel de revisão do Tesouro ao lado de Will Fields da Sidewalk Labs, propriedade da Alphabet, empresa mãe da Google. Por sua vez Ted Dean, chefe de políticas públicas da Dropbox, empresa de armazenamento de arquivos, foi nomeado para o comité do Representante de Comércio dos EUA.

A executiva da Dell Technologies, Ann Dunkin, ajudará a rever a Agência de Proteção Ambiental, por onde já tinha passado anteriormente como diretora de informações no governo do presidente Barack Obama. Arthur Plews, da gigante de pagamentos Stripe, está no comité da Administração de Pequenas Empresas, onde passou quase os últimos três anos do mandato de Obama.