Todo o mercado europeu, pelo menos no que respeita aos Model 3 e Model Y, vai ser abastecido pela Gigafactory Berlim, a fábrica que a Tesla está a construir nos arredores da capital alemã. Isto torna o investimento extremamente importante, ou não se destinasse ele a abastecer um dos mercados que mais veículos eléctricos consome.

Mas o projecto da linha de produção alemã não estava a respeitar o calendário que Elon Musk tinha estabelecido, o que levou ao afastamento daquele que, até há bem pouco tempo, era o director do projecto, Evan Horetsky. Para o substituir, a Tesla contratou René Reif, o responsável pela fábrica da Mercedes em Marienfelde, próxima de Berlim.

Se estas trocas de funcionários são normais, mesmo em funções de topo, tanto mais que a Tesla necessita de garantir que a qualidade dos seus veículos melhora a ponto de acompanhar o standard germânico, o mais estranho foi a reacção do poderoso sindicato alemão dos metalúrgicos, o IG Metall.

O responsável pelo IG Metall em Berlim, Jan Otto, revelou preocupação pelo futuro da fábrica da Mercedes e dos seus funcionários, segundo o Berliner Morgenpost. Mas o sindicalista foi mais longe e criticou a saída de René Reif, declarando que “não é possível construir o futuro com directores sem alma como este”. Afirmou ainda que “não percebe como uma marca tradicional e inovadora, como a Mercedes, admite capitular perante um concorrente americano”, avançando que o futuro é preocupante, a ponto de já estar “em contacto com os políticos locais”.

A Daimler já anunciou que pretende realizar cortes nas instalações de Marienfelde, que podem implicar a redução de 2000 a 2500 postos de trabalho. Por outro lado, a Gigafactory Berlim deverá contratar numa primeira fase cerca de 4000 trabalhadores. No entanto, parece que o IG Metall não está preocupado com os postos de trabalho em termos absolutos, mas apenas com os funcionários empregados por empresas alemãs.

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