Salvador Mello, presidente do Health Cluster Portugal, considerou numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios que Portugal não tem um problema generalizado de falta de médicos, exceto em algumas especialidades, mas sim de distribuição e mobilização dos profissionais de saúde.

“Os número globais, comparativamente a outros países da Europa, não apontam para falha médica”, justifica: “Pode haver um problema de distribuição, mas o que me parece é que há uma falta de mobilização”. “O tema da exclusividade, se for decidida por decreto, vai esvaziar ainda mais o Sistema Nacional de Saúde“, afirmou.

Para o presidente do Conselho de Administração da CUF, que gere os hospitais privados CUF, o setor privado tem tido um contributo “muito significativo” na resposta à epidemia de Covid-19: “Temos neste momento, no setor privado, a disponibilidade de centenas de camas de internamentos e de cuidados intensivos”. E “há a disponibilidade para fazer crescer esse número”.

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O gestor pediu uma relativização das expectativas em relação à vacina contra a Covid-19: “Ainda há passos a correr e o risco da vacina não chegar tão depressa existe”. “Seria muito bom que no primeiro semestre de 2021 começasse a haver vacinas disponíveis mas seguramente não será ainda alargada a toda a população”, previu.

Salvador Mello sugeriu que a gestão dos cuidados de saúde também deve ser da responsabilidade do Ministério da Economia, não apenas do Ministério da Saúde. “Só com uma visão estratégica sobre o setor, com objetivos muito claros que passam pela internacionalização, e com apoios e incentivos a que isso aconteça, é que se vai desenvolver”, acrescentou.

O presidente do Health Cluster Portugal apelou ainda a uma maior união entre os privados e o SNS: “É muito importante que, em vez de atirarmos pedras uns aos outros, estejamos cada vez mais unidos para ultrapassar a situação que estamos a viver”, defendeu.