“Já é hora de o trabalho ser recompensado na América e não apenas a riqueza”. A frase é do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, após um dia de reuniões com algumas das principais estruturas sindicais na América, bem como os principais CEO´s de empresas como a General Motors, Microsoft, Target, GAP, entre outras.

Biden e Kamala Harris, a vice-presidente eleita, transmitiram aos empresários e sindicatos a sua visão para as mudanças que a economia dos Estados Unidos precisa. E falou em maior investimento nos serviços públicos, mas também em mais direitos para os trabalhadores como um melhor sistema de saúde pública e melhores condições nas licenças por doença.

“Eu sou um homem de sindicato. Os sindicatos vão ter mais poder. E eles [os empresários] perceberam isso”, disse Biden.

“Já é altura de recompensar o trabalho na América e não apenas a riqueza. Vamos ter uma estrutura fiscal justa que assegure que os mais ricos entre nós e as corporações paguem aquilo que é justo pagarem”, disse Biden. Um discurso que contrasta, em substância e na forma, com os quatro anos anteriores de Donald Trump, que chegou a vangloriar-se de conseguir evitar pagar mais impostos.

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Mas também sublinhou a necessidade de as empresas manterem os postos de trabalho em território americano. O plano económico, sublinhou Biden, vai “criar milhões de postos de trabalho sindicalizados e bem pagos”, na manufatura, no setor tecnológico e noutras indústrias.

“Dos automóveis aos materiais em bruto, vamos comprar americano. Nenhum contrato governamental será dado a empresas que não produzam os seus produtos aqui na América”, completou.

O presidente eleito voltou a defender o aumento do salário mínimo do país para 15 dólares à hora (atualmente, varia entre os vários estados, mas o valor mais baixo é de 7,25 dólares).

Biden diz que “mais pessoas podem morrer” se Trump não fizer a transição rapidamente

Sobre o combate à pandemia, Joe Biden aplaudiu e considerou “excelentes notícias” o anúncio de duas empresas – a Pfizer e a norte-americana Moderna –  acerca da eficácia das suas vacinas nos testes, ambas acima dos 90%. Mas ressalvou: “Há uma grande diferença entre haver uma vacina e haver vacinação”.

E salientou que os líderes industriais com quem falou apelaram a Trump que dê acesso à nova equipa eleita os planos para distribuição da vacina. Quanto mais depressa isso acontecer “mais cedo esta transição se processa de forma tranquila”.

Se a administração Trump continuar a bloquear a transição de poder, e não permitir o acesso ao plano para a vacina, “mais pessoas podem morrer”, alertou ainda Joe Biden.

Mais pessoas podem morrer se não houver coordenação”, disse. “Como é que vacinamos mais de 300 milhões de americanos? Qual o plano do jogo? É uma tarefa enorme, enorme, enorme”.

Biden reconhece que o país está a atravessar  uma “curva muito negra”. Os EUA já registaram mais de 250 mil mortes por Covid-19 e mais de 11,5 milhões de casos.