O Governo de Macau prevê que a economia do território tenha uma quebra de 60,9% em 2020, devido ao impacto da pandemia, segundo o documento das Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2021, apresentado esta segunda-feira pelo líder do executivo.

“Prevê-se uma contração real de 60,9% do PIB em 2020”, lê-se no documento LAG para 2021, apresentado na Assembleia Legislativa (AL) pelo chefe do executivo de Macau, Ho Iat Seng.

Os números divulgados são mais elevados do que aqueles apresentados há cerca de um mês Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o FMI a economia de Macau deverá regredir 52,3% este ano.

Ainda assim, com a reabertura dos vistos individuais e de grupo da China continental para o território no dia 23 de setembro, suspensos desde o início da pandemia, começou uma tímida recuperação já sentida com um relativo aumento de turistas.

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Caso a “situação da epidemia de Macau e das regiões vizinhas continue controlada e melhorada, poderá o PIB vir a atingir um crescimento anual de dois dígitos” em 2021, acreditam as autoridades, segundo o documento divulgado.

Macau foi dos primeiros territórios a ser atingido pela crise económica devido à pandemia. O antigo território administrado por Portugal registou o primeiro caso no dia 22 de janeiro e a partir daí adotou várias medidas sanitárias para controlar a propagação do vírus, como o encerramento dos casinos por 15 dias, um plano de distribuição de máscaras (10 máscaras por cerca de um euro) e um forte controlo fronteiriço.

As medidas sanitárias mostraram-se eficazes, já que o território apenas registou 46 casos da doença e desde 26 de junho que não é detetado qualquer caso, mas praticamente paralisaram a economia, quase exclusivamente dependente da indústria dos casinos e do turismo chinês.

Esta segunda-feira, Ho Iat Seng voltou a afirmar que os bons resultados dos casinos são determinantes para Macau, contudo o objetivo tem de passar por “abandonar o rumo que tem sido seguido, de dependência excessiva do jogo e promover a efetiva diversificação adequada e o desenvolvimento sustentável da economia”

As incertezas no território ainda são muitas, com as operadoras de jogo no território a apresentarem centenas de milhões de euros em prejuízos no terceiro trimestre do corrente ano.

Os casinos de Macau tinham fechado 2019 com receitas de 292,4 mil milhões de patacas (cerca de 24,7 mil milhões de euros).

O Governo de Macau arrecadou apenas 24,34 mil milhões de patacas (2,58 mil milhões de euros) até outubro em impostos diretos sobre o jogo, uma quebra de quase 70 mil milhões de patacas, numa comparação anual.

Há um ano, em outubro, Macau apresentava receitas de 94,03 mil milhões de patacas (9,98 mil milhões de patacas).

Para 2021, o Governo prevê arrecadar 45,5 mil milhões de patacas (4,8 mil milhões de euros e que, apesar de uma melhoria, está ainda muito longe das 112,71 mil milhões de patacas arrecadadas em 2019.