Porto, Braga e Águeda estão entre 88 cidades em todo o mundo consideradas líderes ambientais, segundo uma lista divulgada esta segunda-feira pelo projeto internacional CDP – Transparência, Visão, Ação.

O CDP (que até recentemente se chamava “Carbon Disclosure Project”) é uma organização sem fins lucrativos que apoia investidores, empresas, cidades e regiões a gerir os impactos ambientais.

É financiada pela União Europeia e este ano mais de 9.600 empresas, representando mais de metade da capitalização do mercado global, divulgaram os dados ambientais através do CDP.

De acordo com a lista tornada pública, a Dinamarca tem o maior número de cidades europeias com melhor pontuação, seis, seguindo-se a Suécia (cinco), a Finlândia (quatro) e depois Espanha e Portugal, com três cidades cada.

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As melhores pontuações colocam as cidades na chamada lista de cidades “classe A”, reconhecendo-se os seus esforços para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e criar resistência aos impactos das alterações climáticas.

No ano passado as cidades portuguesas “classe A” foram Lisboa, Sintra e Guimarães. Os Estados Unidos lideraram em número de cidades A.

No anúncio da lista deste ano o CDP nota que apesar das pressões para combater a epidemia de Covid-19 há três municípios portugueses a juntarem-se a mais 33 outros municípios só da Europa. Para a lista entraram este ano novas 13 cidades do continente europeu.

O CDP nota também os progressos alcançados nos últimos cinco anos, desde a assinatura do Acordo de Paris sobre o clima, com todas as 33 cidades a estabelecerem objetivos de redução de emissões de gases e a apresentarem planos de adaptação aos impactos das alterações climáticas. Há cinco anos só uma em cada cinco dessas cidades tinha um plano.

Porto, Braga e Águeda, mas também outras como Helsínquia, Florença ou Copenhaga, “estão a trabalhar para se tornarem locais resilientes, saudáveis e prósperos para se viver e trabalhar, ao mesmo tempo que reduzem as emissões e constroem rapidamente resiliência contra as alterações climáticas”, diz-se no documento a que a Lusa teve acesso.

O CDP nota ainda que na lista das cidades deste ano há 10 cidades europeias a trabalhar para serem alimentadas a 100% por energias renováveis até 2050.

Na atribuição da “classe A” o CDP tem em conta fatores como inventários das emissões à escala da cidade, metas de redução de emissões, ou planos de ação climática e de avaliação de riscos climáticos.

“O Porto comprometeu-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% até 2030. É absolutamente crucial o papel das cidades na mitigação e adaptação às alterações climáticas, liderando pelo exemplo, envolvendo empresas, universidades e cidadãos para alcançar os objetivos globais estabelecidos no Acordo de Paris”, disse, citado no documento divulgado esta segunda-feira, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

O autarca salientou os investimentos feitos em eficiência energética, produção de energia renovável e intervenções bioclimáticas em edifícios públicos, bem como transportes públicos ecológicos e acessíveis, para tornar o Porto “mais saudável, mais ecológico, mais sustentável e mais resistente”.

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, diz no mesmo documento que “em resposta aos prementes desafios que o mundo enfrenta, Braga fez os mais diversos esforços para criar estratégias de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Esta é uma questão considerada como prioridade absoluta”.

Numa declaração à Lusa, o presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, disse que a distinção da cidade é o reconhecimento público de “todo o esforço e empenho” da autarquia no desenvolvimento de projetos nas áreas do ambiente e da sustentabilidade.

Águeda é um município atento e preocupado com as questões ambientais, tentando sempre adotar as melhores práticas, procurando também inspirar e ser um exemplo a ter como referência para outros, tendo sido também, recentemente, reconhecido como um dos 100 melhores Destinos Mundiais Sustentáveis de 2020″.

No documento enviado à Lusa o CDP lembra que as emissões globais de gases com efeito de estufa devem ser reduzidas para metade em 2030 e ser neutras em 2050, para evitar alterações climáticas “catastróficas”, e as cidades da lista A “demonstram que é possível uma ação com impacto e urgente”.

Na quinta-feira o CDP apresenta um guia para ajudar as cidades a estabelecer uma metodologia com objetivos científicos na área do combate às alterações climáticas e mitigação dos seus efeitos.