A Comissão Europeia tinha previsto que, em 2020, houvesse 5G em toda a União Europeia (UE), mas a mês e meio do final do ano só há em 17 países, devendo esta ser uma aposta da presidência portuguesa.

Assumido como uma prioridade europeia desde 2016, o desenvolvimento da rede móvel de quinta geração (5G) na UE tem vindo a ser mais demorado do que previsto, sendo possível que Bruxelas falhe a sua meta de que esta tecnologia seja disponibilizada, de forma comercial, em pelo menos uma cidade por país até 2020.

Os dados mais recentes do Observatório Europeu para o 5G, estrutura criada em 2018 pela Comissão Europeia para acompanhar a evolução desta tecnologia, revelam que até final de setembro apenas havia serviços comerciais em 17 países da UE – Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, República Checa, Dinamarca, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Polónia, Roménia, Eslovénia, Espanha e Suécia.

Em todos estes países havia pelo menos uma operadora de telecomunicações a disponibilizar pacotes de 5G, mas na maioria dos casos esta ainda era uma cobertura seletiva, abrangendo apenas algumas localidades e uma parte da população.

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Na semana passada, um tribunal sueco suspendeu a decisão de excluir a chinesa Huawei da rede de telecomunicações 5G, enquanto se aguarda uma decisão sobre o mérito, levando a autoridade responsável pelo concurso a adiar o leilão sobre esta rede.

Isto significa que a tecnologia 5G está, neste momento, em suspenso na Suécia.

Este é o país da tecnológica Ericsson, principal concorrente da número um no 5G, a Huawei (a outra concorrente é a finlandesa Nokia).

A Suécia foi, inclusive, o primeiro Estado-membro da UE a banir de forma clara a Huawei. Antes, o Reino Unido, que já não é Estado-membro da União, também o fez.

A justificar tais decisões está o facto de, para estes países, as infraestruturas 5G da tecnológica chinesa acarretarem riscos para a cibersegurança nacional, desde logo após acusações dos Estados Unidos relativas a espionagem.

No início deste ano, a Comissão Europeia aconselhou os Estados-membros da UE a aplicarem “restrições relevantes” aos fornecedores considerados de “alto risco” nas redes 5G, incluindo a exclusão dos seus mercados em certas partes técnicas, para evitar riscos “críticos”.

Bruxelas rejeitou, ainda assim, estar a “apontar o dedo a alguma empresa”, recusando ligação da recomendação com as polémicas que têm envolvido a Huawei.

São estas tensões comerciais, mas também os atrasos no arranque do 5G, que Portugal terá de enfrentar aquando da sua presidência da UE, no primeiro semestre de 2021.

Ainda de acordo com os dados mais recentes do Observatório Europeu para o 5G, datados de final de setembro, 12 países já apresentaram roteiros estratégicos para o 5G: Portugal, mas também Espanha, França, Áustria, Luxemburgo, Alemanha, República Checa, Holanda, Dinamarca, Estónia, Suécia e Finlândia.

Também até essa data, estavam definidos 12 corredores 5G transfronteiriços na UE, entre os quais o que abrange Porto, Vigo e Évora para testar carros autónomos, numa parceria público-privada de 27 milhões de euros.

Até final de setembro eram, ainda, 143 as cidades europeias com testes de 5G, nas quais se incluíam as portuguesas Aveiro, Évora, Porto, Matosinhos e Lisboa, de acordo com o observatório europeu.

Nesta corrida tecnológica, a UE ainda está muito atrás de países como Coreia do Sul, Japão ou Estados Unidos, mas continua a tentar cortar a meta.