Eurodeputados portugueses do PS, PSD e CDS pedem mais ação da União Europeia face aos ataques armados no norte de Moçambique, pedindo um debate de urgência na próxima sessão plenária do Parlamento Europeu (PE) sobre a questão.

A eurodeputada socialista Isabel Santos declarou esta segunda-feira que “a comunidade internacional não pode ficar de braços cruzados face aos recentes acontecimentos de Cabo Delgado” perante uma situação humanitária que qualifica de “extremamente grave” e que torna necessária “uma resposta rápida para o povo moçambicano” .

Por estarmos atentos ao evoluir da situação, preocupados com a escalada dos acontecimentos e dando eco aos apelos da sociedade civil moçambicana, pedimos o agendamento de um debate de urgência para a sessão plenária que terá lugar na próxima semana”, sublinha Isabel Santos.

Já na quarta-feira passada, o líder da delegação do PSD no PE, Paulo Rangel, tinha questionado por escrito o alto representante para a Política Externa, Josep Borrell, sobre o tipo de iniciativas que a UE tem levado a cabo no apoio às autoridades moçambicanas, mas também sobre as ajudas concretas que têm sido disponibilizadas a Moçambique e a influência que tem sido exercida junto de órgãos internacionais africanos como a União Africana para encontrar soluções.

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Sinto-me muito chocado pela apatia internacional relativamente à situação que vive Moçambique. (…) Temos muitos exemplos na história de situações semelhantes em que não se agiu a tempo ou não se quis ver a realidade e depois foi tarde. O pior inimigo destas situações é a indiferença e o silêncio “, referiu Paulo Rangel em comunicado.

Também o eurodeputado do CDS e membro da Comissão das Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos do PE, Nuno Melo, na sexta-feira, emitiu um comunicado onde frisa a “ligação histórica de Moçambique a um dos Estados-membros da UE, Portugal” e o facto de se tratar de um “país membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)” para pedir à UE uma “posição firme”.

“Além da Commonwealth, deve também a UE tomar uma posição de firme condenação pela grave situação vivida do ponto de vista da segurança e do ponto de vista humanitário”, sublinha o comunicado de Nuno Melo.

No documento, o eurodeputado do CDS pede assim “um debate com urgência no PE para discutir a situação vivida em Moçambique”.

A última vez que o Parlamento Europeu debateu a situação em Cabo Delgado foi numa sessão plenária a 17 de setembro.

Na altura, a assembleia tinha aprovado uma resolução onde manifestava a sua profunda preocupação com a situação de emergência humanitária em Moçambique e lamentava que, “apesar da brutalidade e da perda terrível de vidas”, a situação em Cabo Delgado não tenha atraído “a atenção internacional, o que significa que se perdeu tempo precioso para resolver o problema mais cedo”.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é há três anos alvo de ataques por grupos armados, alguns reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, mas cuja origem permanece em debate, provocando uma crise humana com cerca de duas mil mortes e 435 mil deslocados internos.