Angela Merkel participou numa reunião com os líderes dos governos regionais para discutir um novo pacote de medidas restritivas para responder à pandemia. Uma delas implica que quem tenha sintomas de uma constipação, como tosse ou corrimento nasal, fique em isolamento. A medida mereceu o apoio dos participantes no encontro, mas as associações patronais já estão a ridicularizar a medida.

“Espero que saibam que todas as pessoas têm uma constipação nesta altura do ano”, escreveu a Associação de Empregadores Alemães, numa carta enviada à chanceler, segundo o The Telegraph. “Não poderíamos contar com os funcionários que ligariam de manhã a dizer que têm uma constipação. Isto iria paralisar todos os negócios num curto período de tempo.”

Outras propostas foram alvo de resistência pelos líderes regionais. A chanceler quer reduzir os horários escolares e tornar obrigatório o uso de máscara para as crianças de todas as idades. E proibir as crianças de se encontrar com mais do que um amigo.

As medidas não agradaram aos líderes regionais, com quem Merkel reuniu, que acordaram adiar as decisões até à próxima semana.

“Concordámos que o confinamento acordado em outubro não é suficiente. Temos de reduzir ainda mais os contactos”, sublinhou Merkel, na conferência de imprensa após a reunião. A chanceler apelou à população para que evite viagens não essenciais de transportes públicos, visitas a espaços públicos e festas.

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O sistema político alemão determina que os governos dos 16 estados federados é que têm a palavra final sobre as medidas ligadas a um confinamento.

Restrições na Alemanha “impediram” crescimento exponencial do vírus, diz chanceler

Angela Merkel defendeu ainda que as restrições impostas na Alemanha permitiram conter a propagação de novas infeções de Covid-19 e apelou à população para reduzir ainda mais os contactos ao mínimo.

“Ainda nos resta um longo caminho a percorrer, mas a boa notícia é que conseguimos parar o crescimento exponencial” do vírus, congratulou-se.

Esta segunda-feira de manhã, as autoridades de saúde alemãs indicaram terem registado nas últimas 24 horas 10.824 novas infeções pelo novo coronavírus, cerca de 6.100 a menos do que no domingo e longe do máximo de 23.542 atingido na sexta-feira. Na segunda-feira da semana passada, o número de novas infeções era de 13.363, cerca de 2.500 a mais do que nesta segunda-feira.

Segundo dados do Instituto Robert Koch (RKI) atualizados na última meia-noite, os positivos registados desde que foi anunciado o primeiro contágio no país, no final de janeiro, chegam a 801.327, com 12.547 mortes, mais 62 em 24 horas. No conjunto da Alemanha, a incidência cumulativa nos últimos sete dias é de 143,3 casos por 100.000 habitantes.

O número de pacientes com Covid-19 em unidades de terapia intensiva no domingo era de 3.385, dos quais 1.923 recebem ventilação assistida, segundo dados da Associação Interdisciplinar Alemã de Terapia Intensiva e Medicina de Emergência (DIVI). Há um mês, a 15 de outubro, o número de pacientes nos cuidados intensivos era de 655. Atualmente, 21.229 camas de cuidados intensivos estão ocupadas e 6.899 estão livres.

O fator de contágio (R) que considera as infeções em um intervalo de sete dias em relação aos sete anteriores, e que reflete a evolução das infeções de 8 a 16 dias atrás, está fixado em 1,03, o que implica que cada pessoa infetada contamina outra pessoa, em média.