O Presidente da Assembleia Geral da ONU, Volkan Bozkir, denunciou esta segunda-feira a “ineficácia” do Conselho de Segurança da organização, criticando os “interesses concorrentes” dos seus membros.

As críticas foram feitas numa sessão de abertura da Assembleia Geral em que vai ser debatida a vasta reforma da organização.

Por diversas vezes, o Conselho faltou à sua responsabilidade de manter a paz e a segurança internacionais. Os interesses económicos dos seus membros e os recursos frequentes ao veto limitam a eficácia do Conselho de Segurança“, afirmou o antigo ministro turco, sem avançar com exemplos concretos.

As críticas em relação a uma instituição que está por reformar há décadas juntam-se às do Presidente francês, Emmanuel Macron, que considerou, numa entrevista esta segunda-feira ao portal noticioso Le Grand Continent, que o Conselho de Segurança “já não aprova “soluções úteis”.

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“Mesmo em algumas crises humanitárias mais urgentes, o Conselho não pode dar uma resposta oportuna e adequada. É um grave revés em relação aos princípios fundadores da ONU e aos nossos esforços comuns para construir um mundo pacífico”, prosseguiu o diplomata turco.

“Se a ONU necessita de reformas mais profundas, é evidente que a reforma do Conselho de Segurança é um imperativo inevitável e difícil, mas essencial”, insistiu.

Após o surgimento da pandemia de Covid-19 no início do ano, o Conselho de Segurança reuniu-se muito poucas vezes para debater o tema.

Nesse sentido, demorou mais de três meses para superar as diferenças entre os Estados Unidos e a China para aprovar a 1 de julho uma resolução para pedir maior cooperação internacional e para apoiar um pedido do secretário-geral da ONU, António Guterres, para se imporem cessar-fogos em países em conflito para facilitar a luta contra a doença.

No debate esta segunda-feira iniciado, os 193 membros da ONU vão analisar o uso do direito de veto e o privilégio dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), nomeadamente o alargamento do órgão, bem como a representatividade regional e os métodos de trabalho.

O Conselho de Segurança, que pode decidir sobre sanções internacionais e o uso da força no mundo, integra 15 membros: além dos cinco membros permanentes, congrega 10 não permanentes por um mandato de dois anos, metade dos quais renovados anualmente.