A deputada brasileira Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), criticou esta quarta-feira Barack Obama devido ao que o ex-presidente norte-americano escreveu no seu novo livro de memórias sobre Lula da Silva e o Brasil.
“Obama passou 8 anos fazendo guerras e espionagem, a serviço da indústria de armas e do establishment de seu país”, escreveu Hoffmann no Twitter. “Acobertou um vice investigado por corrupção e quer dar conselhos ao Brasil. Tem de explicar a sua participação no golpe e na Lava Jato.”
Obama passou 8 anos fazendo guerras e espionagem, a serviço da indústria de armas e do establishment de seu país. Acobertou um vice investigado por corrupção e quer dar conselhos ao Brasil. Tem de explicar a sua participação no golpe e na Lava Jato https://t.co/2X1tOChNbR
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 18, 2020
De acordo com o jornal brasileiro Folha de São Paulo, Obama escreveu no livro “Uma Terra Prometida” sobre um encontro que teve com Lula da Silva (que foi Presidente do Brasil entre 2003 e 2011) e descreveu os “boatos” sobre corrupção que já circulavam sobre o governo brasileiro naquela altura.
Mais recentemente, numa entrevista àquele jornal brasileiro, Obama também falou sobre os seus encontros com Lula da Silva. “Como escrevi, havia sempre rumores a girar em torno dele sobre clientelismo, e está claro que o Brasil ainda tem problemas profundos com a corrupção sistémica“, afirmou o ex-presidente norte-americano à Folha de São Paulo.
A atual líder do partido de Lula da Silva não gostou das declarações de Obama e disparou críticas contra o americano, acusando-o de encobrir investigações de corrupção sobre Joe Biden, que foi seu vice-presidente entre 2008 e 2016 e que agora foi eleito para a Presidência dos Estados Unidos.
Gleisi Hoffmann referia-se concretamente ao caso da Ucrânia, que envolve o filho de Joe Biden e que esteve no centro do processo de impeachment de Donald Trump.
Enquanto era vice-presidente dos EUA, Joe Biden terá pressionado a Ucrânia no sentido de demitir um procurador-geral que, à época, investigava casos de corrupção — incluindo um que visava a Burisma, empresa de cujo conselho de administração Hunter Biden fazia parte. Porém, sobre aquele procurador pairavam há vários anos suspeitas de corrupção — e a sua demissão era pedida há muito por organizações da sociedade civil.
O caso ganhou complexidade quando, mais tarde, Donald Trump — já Presidente — teria pressionado a Ucrânia no sentido de investigar a Burisma por corrupção. Foi esta atitude de Trump que levou ao seu impeachment: o Presidente foi acusado de abuso de poder com o objetivo de prejudicar o seu oponente político, Joe Biden, e favorecer a sua própria campanha eleitoral.