O Metropolitano de Lisboa vai avançar com o contrato para a compra de 14 unidades triplas e novo sistema de sinalização , nove meses depois de uma providência cautelar colocada por um dos concorrentes afastados ter suspendido o resultado do concurso.

Em comunicado, a empresa pública refere que o Tribunal Administrativo de Lisboa declarou extinta a instância relativa aos processos colocados pelo agrupamento Thales/CRRC Tangshan que desistiu da ação de impugnação que paralisou o concurso. Sendo assim, o Metro “dará de imediato sequência ao contrato, assinado a 8 de fevereiro último, relativo à aquisição de um novo sistema de sinalização ferroviária e à aquisição de 14 novas unidades triplas (42 carruagens), celebrado com Agrupamento Stadler Rail Valencia, S.A.U./ Siemens Mobility Unipessoal, Lda, pelo valor de 114,5 milhões de euros, fazendo a sua submissão a visto prévio do Tribunal de Contas”.

Em causa está o fornecimento de novos sistemas CBTC que vão substituir equipamento da década de 1970 já “obsoleto” permitindo ainda um controlo contínuo do movimento dos comboios e uma maior frequência e regularidade do transporte com segurança acrescida, refere a empresa.

As novas carruagens começarão a ser entregues no segundo trimestre de 2022, estando prevista que a última unidade tripla chegue no final do ano seguinte.

A ação judicial entrou a 12 de fevereiro, tendo determinado a suspensão automática dos efeitos de adjudicação ao consórcio vencedor. O Metropolitano contestou os processos, defendendo a legalidade do concurso, mas ainda a suspensão manteve-se por nove meses, tendo caído após desistência. Estes atrasos têm sido aliás comuns nos concursos lançados por empresas públicas de transportes, como foi o caso da aquisição de 22 automotoras pela CP para o serviço regional. Os dois contratos estão agora dependentes do visto do Tribunal de Contas para produzir efeitos.

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Este concurso, cujo contrato foi assinado em outubro, foi igualmente vencido pelo fabricante suíço Stadler. O responsável pela unidade espanhola da empresa, Iñigo Parra, reconheceu que estas impugnações e demoras na concretização dos resultados do concurso não são um exclusivo de Portugal, ocorrendo em outros países onde a empresa opera.

Vencedora de dois concursos, a suíça Stadler estuda presença mais forte em Portugal

Com dois concursos ganhos em Portugal, um dos quais em parceria com a Siemens, a Stadler está a analisar o reforço da presença no mercado nacional de olho ainda nos concursos para compras de mais material circulante que foram anunciados para metros e CP. Num encontro com jornalistas realizado em Lisboa esta terça-feira, o presidente da Stadler-Rail Espanha afirmou que a empresa está a olhar para o país de muitos pontos de vista. Sem se comprometer com uma presença industrial, o responsável adianta que há contactos com várias empresas portuguesas, sobretudo no setor das tecnologias de informação, para o estabelecimento de parcerias.

A Stadler já está a estudar o mercado português há quatro anos e apesar de valorizar o novo programa de investimentos anunciado para o setor ferroviário — e que inclui o maior concurso para renovação de material circulante já realizado em Portugal, Iñigo Parra sublinha que a empresa não toma decisões com base em apenas um fator. “Somos uma empresa séria, não vimos aqui para posições one shot. Vamos estudar detalhadamente todos os planos que existem”.

A Stadler tem unidades vários países europeus, incluindo em Valência, mas ainda não há uma decisão sobre onde serão fabricados e montados os 22 novos comboios para a CP. O concurso valorizava a incorporação nacional, mas segundo explicou Iñigo Parra, não foi apresentada nenhuma proposta vinculativa quanto à participação de empresas portuguesas no projeto.