Foi uma daquelas notícias em que título apontava numa direção e o texto dava a volta a três rotundas seguidas para depois terminar no caminho oposto. Este sábado, o jornal Marca garantia que Cristiano Ronaldo, nos últimos meses, tem vindo a desenhar uma aproximação ao Real Madrid com vista a um regresso ao Santiago Bernabéu. No fim, porém, o desportivo espanhol ressalvava que a aproximação dificilmente terá frutos — até porque os merengues, normalmente, não dão especial atenção a regressos de antigas estrelas.
Ainda assim, a notícia não deixava de enumerar uma série de pormenores, espalhados pelas semanas já decorridas desde o início da temporada, que acabam por comprovar essa aproximação. O ponto da partida foi a presença no Santiago Bernabéu no passado mês de março, para assistir ao Clássico com o Barcelona — sendo que a Marca garante que o jogador português ligou pessoalmente a Florentino Pérez para pedir um lugar num camarote privado. Depois, a alegria que não escondeu nas redes sociais quando o Real Madrid venceu o Barcelona em Camp Nou, em outubro. E, por fim, as fotografias que tem publicado com antigos colegas que reencontra quando está ao serviço da Seleção, primeiro com o espanhol Sergio Ramos e depois com os croatas Modric e Kovacic.
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Ainda assim, e apesar de nada disto ter uma conclusão palpável — até porque dificilmente o Real Madrid vai aceitar o elevado encargo financeiro que representa Cristiano Ronaldo –, torna-se cada vez mais real a ideia que o português poderá estar à procura de uma solução para deixar a Juventus no final da época. Antes dos espanhóis, surgiu a hipótese PSG; e é crescentemente mais confirmada a premissa de que a Juventus vai precisar de cortar na folha salarial devido aos constrangimentos motivados pela pandemia. Contudo, ainda só vamos em novembro. E Ronaldo tem ainda vários objetivos pendentes que pode conquistar pela Juventus esta temporada.
Depois dos compromissos das seleções, a Juventus voltava à Serie A e recebia o Cagliari, que está a meio da tabela, em Turim. Com Buffon na baliza, Andrea Pirlo voltava a deixar Dybala no banco e também deixava Weston McKennie, Bentancur e Chiesa na condição de suplentes, apostando em Arthur, Rabiot e Bernardeschi. À frente, sem grandes surpresas, apareciam Ronaldo e Morata. Do outro lado, destaque para a presença de Giovanni Simeone, filho do treinador do Atl. Madrid, no onze de Eusebio Di Francesco.
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Na primeira parte, a Juventus colocou a bola no interior da baliza logo à passagem dos dez minutos iniciais: Rabiot conduziu a partir da direita, Morata rodou com a bola controlada e assistiu Bernardeschi, que rematou para bater Cragno (10′). O lance, porém, foi anulado por fora de jogo do avançado espanhol na altura em que recebeu a bola — um clássico de Morata, que se vê apanhado em fora de jogo mais vezes do que seria normal. O avançar do relógio trouxe um controlo cada vez maior da Juventus, depois de um arranque muito positivo por parte do Cagliari, e a equipa da Sardenha estava encostada à própria grande área, sem grande espaço para a qualidade de Simeone ou João Pedro, que estavam sempre demasiado perdidos na fase ofensiva.
O golo, este a contar, acabou por aparecer já nos últimos minutos antes do intervalo. Num desenho parecido com o do golo anulado a Bernardeschi, Morata também recebeu na grande área, também rodou com a bola controlada mas, desta feita, assistiu Ronaldo na esquerda; o avançado português, dominou, tirou dois adversários da frente e rematou para abrir o marcador (38′). Antes do fim da primeira parte, a Juventus ainda dilatou a vantagem e novamente por intermédio do capitão da Seleção Nacional: canto batido na esquerda, Demiral desvia nas alturas e Ronaldo, totalmente sozinho ao segundo poste, desviou para bisar e chegar aos oito golos esta temporada pelos bianconeri.
Na segunda parte, Di Francesco trocou Tripaldelli por Sottil e o Cagliari voltou a aplicar a intensidade que tinha mostrado nos instantes iniciais: a equipa estava subida no relvado, Simeone estava a ocupar os espaços que lhe correspondem normalmente, sem ser o médio-centro adaptado que tinha sido na primeira parte, e a Juventus recuava conscientemente para depois procurar transições rápidas quando ganhava a bola. Demiral acertou na barra de cabeça (52′), Bernardeschi rematou ao lado depois de uma simulação de Ronaldo (55′) e a equipa de Pirlo, apesar de ter menos bola e menos controlo, tinha as melhores oportunidades.
Até ao fim, Pirlo ainda esgotou as substituições e lançou Dybala, McKennie, Bentancur, Chiesa e Alex Sandro. A Juventus teve várias oportunidades para fechar de vez a partida e não estar refém de um eventual golo do Cagliari que pudesse complicar as contas mas não chegou ao terceiro golo — assim como o Cagliari também não chegou a reduzir a desvantagem. A equipa de Turim venceu, colocou-se ao AC Milan a um ponto da liderança da Serie A (à condição, porque os rossoneri ainda não jogaram) e voltou a depender da eficácia de Cristiano Ronaldo para conquistar mais três pontos. Ronaldo, por seu lado, marcou mais dois golos e tornou-se o primeiro jogador desde 1995 a marcar em cada um dos cinco primeiros jogos da temporada em que participou.