Todos nos lembramos dos casos envolvendo veículos eléctricos potentes, em que os condutores se queixavam dos acidentes mais estranhos e inexplicáveis, alegando quase sempre que o carro tinha começado a acelerar sem que fosse essa a sua intenção. Na altura, este “mal” acontecia apenas com os Tesla Model S e X. Mas agora, com a chegada do Porsche Taycan, há mais uma “vítima” no horizonte.

Este caso chega-nos do Reino Unido, no condado de Essex. O vídeo mostra um condutor a chegar a casa de um amigo num Taycan, segundo a imprensa inglesa, e a parar momentaneamente em frente à vivenda. Quem vai ao volante nunca deixa de pressionar o pedal do travão, mantendo as luzes de stop ligadas, até que algo acontece. As luzes de stop apagam-se e o Taycan acelera furiosamente, embatendo primeiro num SUV estacionado, para depois prosseguir e quase “estacionar” sobre o tejadilho de um BMW parqueado junto à rua. Caiu de um desnível com cerca de 1,5 metros e, finalmente, parou.

Possivelmente, este será mais um condutor que vai tentar convencer a companhia de seguros que os cavalos do seu Taycan tomaram o freio nos dentes e desataram a acelerar. Mas, tal como já acontecia nos Tesla, a explicação deverá ser mais simples.

Para muitos condutores, os veículos eléctricos são o primeiro contacto com as caixas automáticas, se bem que tecnicamente não seja correcto utilizar a designação caixa de velocidades. Uma avaria pode sempre acontecer mas, à semelhança do que aconteceu no passado com os Model S, também não nos parece que neste caso seja o Porsche o culpado da espantosa exibição, publicada nas redes sociais.

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Como é habitual nos veículos equipados com caixa automática e motor a combustão potente, também os eléctricos com muitos cavalos respondem ao acelerador de forma intempestiva. Aliás, é mesmo pela sua exuberante capacidade de aceleração que os condutores os escolhem e pagam ‘fortunas’ por eles. Há várias possíveis explicações para este acidente do Taycan, que provavelmente foi acusado pelo proprietário de ter “acelerado repentinamente”, mas a realidade é que a luz de stop se apagou antes de o carro começar a acelerar, o que significa que o condutor manteve o carro em “drive” quando retirou o pé do acelerador por um segundo – quem sabe se para aceder a qualquer a qualquer coisa que transportava no banco traseiro –, para depois o voltar a pressionar, quando o que pretendia era carregar no pedal do travão.

Outra possível explicação para este tipo de acidentes em veículos eléctricos ou com caixa automática, rotulados de “aceleração repentina”, tem a ver com o accionamento involuntário do cruise control. Se deixado ligado, com uma velocidade pré-definida (100 km/h, por exemplo), o veículo tenderá (em algumas marcas e modelos) a regressar a essa velocidade, caso se pressione o botão do cruise control inadvertidamente. E, mais uma vez, não será o carro o culpado do acidente, mas sim o condutor.