O lançamento do videojogo Valorant beneficiou do confinamento e já deu a Portugal uma primeira vitória, no torneio Spike Nations, esperando-se “muito potencial” de equipas e jogadores no país, explica à Lusa o diretor da marca.

Segundo Alberto Delgado, que gere a marca Valorant para os mercados de Portugal, Espanha e Itália, a Riot Games, que criou o jogo, desde cedo entendeu que Portugal registaria boa adesão.

“Queríamos muito apoiar o jogo em Portugal porque vemos muito potencial aqui, nomeadamente com uma comunidade e uma base de jogadores estáveis. Começámos a ver logo na beta que havia muito interesse em Portugal”, revelou.

Lançado em ‘beta’ (uma versão não finalizada do jogo acessível a jogadores) em abril, com uma versão definitiva a sair, de forma gratuita, para computadores em junho, o jogo combina elementos de um ‘shooter’, um género de que é exemplo máximo o Counter Strike:Global Offensive, com outros elementos, aproximando-o também de Overwatch ou com características similares ao principal videojogo da Riot Games, League of Legends.

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“Desde o lançamento, e na verdade até antes, com a ‘closed beta’, a receção ao Valorant tem sido esmagadoramente positiva. Não podíamos antecipar todo este entusiasmo. Com a base de jogadores e o que sentem pelo jogo, estamos muito felizes”, afirmou, em entrevista à Lusa.

Em Portugal, contou, há uma situação “muito peculiar”, porque “apesar de ser um mercado mais pequeno, tem uma penetração muito alta de ‘shooters’, as pessoas gostam muito”.

Assim, essa apetência para o tipo de jogos que envolvam estratégia, tática, trabalho em equipa e alguma componente de tiros levou a Riot Games a fazer uma aposta pouco comum no mundo dos videojogos em Portugal ao criar contas nas redes sociais e ações específicas para o país.

Um desses momentos para o país foi gerado pelos próprios jogadores, no caso alguns influenciadores e ‘streamers’, além de um jogador profissional, quando uma equipa portuguesa venceu um torneio de nações.

O Spike Nations, organizado em novembro pela plataforma de ‘streaming’ especializada em videojogos e esports Twitch, gerou mais de 30 mil euros para a equipa portuguesa, numa prova solidária que, com o triunfo luso, reverteu para o Banco Alimentar contra a Fome.

João ‘Darkzone’ Narciso, Guilherme ‘MeetTheMyth’ Bento, Rui ‘TugaTV’ Ribeiro, João ‘Turlin Nole’ Borges e Carlos ‘K0mpa’ Nunes representaram Portugal, num torneio ‘perfeito’, sem perderem um único jogo.

Com 10 equipas, a competição começou dividida em grupos, com Portugal na ‘poule B’, que encimou antes de bater Espanha, nas meias-finais, e depois o Reino Unido, na final, e além do fundo solidário tinha como objetivo juntar nomes relevantes da cena de cada país, para ajudar à disseminação do videojogo em cada um dos territórios.

“Quando o conceito do Spike Nations apareceu, discutimos que países convidar, e sempre pusemos Portugal na mesa. À medida que o torneio decorria, dava para ver no chat [associado à transmissão] os portugueses a massacrarem esse espaço com o bacalhau”, refere o ‘brand manager’, sobre a colocação de imagens de um bacalhau por parte de adeptos lusos, para dar sorte à seleção.

Delgado espera que o torneio gere mais atenção para Portugal, que já tem algumas equipas “num nível mais do que decente, como os B7 Warriors”, atualmente no 33.º lugar do ‘ranking’ europeu.

“É um jogo que nunca estará finalizado, mas em evolução constante. Espero que Portugal tenha um papel crucial nisso”, atirou, destacando já o torneio First Strike, um “primeiro grande teste para provar ao mundo” que Valorant cabe na cena dos esports.

Mesmo que seja preciso ter “paciência” e noção de que “o jogo foi lançado em junho”, e não pode “ser comparado em expetativas com jogos que estão cá há 20 anos”, os responsáveis estão “orgulhosos do que foi conseguido até agora”, com um ’empurrão’ do confinamento devido à pandemia de covid-19. “Seria muito ingénuo não achar que toda a indústria dos videojogos não beneficiou do confinamento”, atirou.

Alberto Delgado diz mesmo que os primeiros meses do videojogo estão “a esmagar todas as expetativas”, e mesmo que a Riot não divulgue números de base de jogadores, para uma ideia mais acertada de quantos praticantes ativos há, o diretor garante que este “compara muito bem com jogos similares”, tendo já “um espaço sólido em Portugal”.

O crescimento rápido, de resto, notou-se com recordes na plataforma Twitch, onde o primeiro dia da beta levou a 470 milhões de horas de visualização de ‘streams’.

Os Game Awards, prémios que distinguem o melhor dos videojogos, nomearam o ‘shooter’ tático em três categorias, melhor multijogador, melhor jogo de esports e melhor suporte à comunidade.