Começou como um figurante enquanto ia conhecendo os cantos à casa, assumiu-se como ator secundário mesmo marcando no jogo de estreia na Premier League pelo Liverpool, ganhou protagonismo principal com o passar dos encontros oficiais, dos golos decisivos e das exibições de encher o olho. Em pouco tempo, Diogo Jota desafiou o que parecia impossível em termos internos e colocou em xeque aquele que era para muitos um dos melhores tridentes ofensivos da Europa. Salah e Sadio Mané continuaram como intocáveis, Firmino nem por isso. E, antes da paragem para os compromissos das seleções, as opções de Klopp eram duas: ou utilizava os quatro em simultâneo na frente com Henderson e Wiljnaldum para segurar o meio-campo ou apostava no português de início.

Liverpool goleia, Diogoal faz hat-trick e continua a Jotamania, que tem em Klopp o fã número 1 e chega a todos (menos Firmino)

“O Liverpool tem um grande conjunto de jogadores, por isso não é nada fácil conseguir lugar entre opções iniciais do treinador. Já estou habituado a isso. O Diogo [Jota] é um excelente jogador e mais um companheiro de equipa. Todos trabalhamos ao máximo durante a semana e depois o técnico decide quem é o melhor, não tenho qualquer tipo de batalha pessoal com ele. O ataque do Liverpool é espetacular e diria que não tem comparação com mais nenhuma nas principais ligas, este ano estamos ainda melhores. Não é uma questão de parcialidade, basta ver os números. Da minha parte, dou o melhor nos treinos e depois faço em campo o que Jürgen Klopp me diz, sempre foi essa a minha filosofia”, explicou esta semana Firmino, a propósito dessa luta pela titularidade.

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Num jogo que valia o topo da Premier League, Klopp nem teve de pensar muito em relação aos três da frente perante a ausência de Salah, que ainda testou positivo à Covid-19 e que ficou fora da receção ao Leicester. E aquela que foi a regra nos últimos encontros manteve-se, com Diogo Jota a voltar a marcar, fazendo história ao tornar-se o primeiro jogador de sempre do Liverpool a marcar nos primeiros quatro jogos em Anfield para o Campeonato, sendo que também Firmino quebrou o jejum e fechou as contas finais em 3-0. Depois da goleada sofrida frente ao Aston Villa, a que se seguiu o empate no dérbi com o Everton, os reds recuperaram e, apesar da igualdade fora com o Manchester City, estão na liderança, agora com os mesmos pontos do que o Tottenham de Mourinho (20). Já o internacional português marcou o oitavo golo em 12 jogos, quatro em sete na Premier League.

Com muitas baixas na defesa, que contou apenas com Andy Robertson entre os habituais titulares (Alexander-Arnold, Van Dijk e Joe Gomez estão de fora) e conseguiu ainda recuperar Fabinho, o Liverpool entrou melhor, mais intenso e com outra capacidade de chegar ao último terço, tendo criado duas boas oportunidades com remates de Curtis Jones (9′) e Diogo Jota (13′) para defesas de Kasper Schmeichel. O golo não chegou pelo mérito próprio mas surgiu pelo demérito contrário: na sequência de um canto, Jonny Evans teve um lance quase caricato ao cabecear para a própria baliza quando queria tirar o perigo da área e fez o 1-0 (21′). Barnes ainda teve uma ameaça com muito perigo à baliza de Alisson mas seriam os reds a aumentarem a vantagem com o 2-0 por Diogo Jota: viragem rápida do centro de jogo para a esquerda, finta com cruzamento de Andy Robertson e grande entrada do português ao primeiro poste para o desvio de cabeça sem hipóteses para o guarda-redes dinamarquês (41′).

No segundo tempo, apesar de um movimento perigoso de Jamie Vardy que acabou por ser afastado para canto, o Liverpool foi mantendo o domínio do encontro, ficou perto de marcar por Sadio Mané (53′), Diogo Jota e Firmino, os dois últimos no mesmo minuto (56′) com o português a obrigar Kasper Schmeichel a uma defesa apertada antes de cruzar para o brasileiro, a meias com Evans (com mais Evans do que Firmino, como se viu na repetição), acertar no poste. A máquina dos visitados estava mais afinada do que no início da época, a máquina dos visitantes (aquela que ganhou fora a Manchester City, Arsenal e Leeds) não carburava por mais alterações que Brendan Rodgers, de regresso a Anfield, tentasse promover. E ainda foi de novo Firmino, agora sem defesas por perto, a acertar mais uma vez no poste (79′) antes de marcar o 3-0 a quatro minutos do final, na sequência de um canto.