O pólo das tecnologias de informação, comunicação e eletrónica TICE.PT defendeu esta segunda-feira que a conflitualidade e litigância em torno do leilão do 5G deveria “merecer atenção particular do parlamento, de quem se espera uma atuação firme”.

Numa carta aberta às instituições da sociedade civil e ao parlamento, em particular, o conselho diretor do pólo TICE.PT, que é representativo do cluster das tecnologias de informação e comunicação, manifesta a sua “preocupação com o ruído e conflitualidade em torno do regulamento do 5G [quinta geração] em Portugal”.

Salientando que a quinta geração “constitui uma oportunidade fundamental para a competitividade do tecido económico nacional na próxima década”, aponta tratar-se de uma “pedra basilar de um novo ecossistema tecnológico que permite abraçar com sucesso os grandes desafios de transição digital e ambiental a que Portugal terá de dar resposta”.

Por isso, “entende o TICE.PT que a conflitualidade existente e a litigância que se perspetiva deveriam ser motivo de preocupação de todos, e merecer particular atenção do parlamento, de quem se espera uma atuação firme e consequente no sentido de não permitir que este leilão do 5G ponha em causa este importante desígnio nacional”, lê-se na carta aberta.

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O polo das tecnologias de informação, comunicação e eletrónica é constituído por mais de 80 entidades empresariais, universitárias e associativas de diversas dimensões e geografias, refere.

O conselho diretor do TICE.PT é composto por Alcino Lavrador (Altice Labs), Hugo Bolé (ANETIE), Pedro Almeida (Associação Portuguesa de Imprensa), Cipriano Lomba (Efacec), João Paulo Cabecinha (Clintt), Paulo Martins (Incentea), Augustin Olivier (Inesc Tec), Gabriel Santos (Inforlândia), Pedro Roseiro (Inova-ria), Marcelino Pousa (Instituto das Telecomunicações), Marília Curado (Instituto Pedro Nunes), Manuel Ramalho Eanes (NOS) e Jorge Sousa (Visabeira Global).

O Cluster TICE.PT, foi constituído em 2008, com sede em Aveiro, refere a entidade, que é composta por 10 associações, sete centros de investigação e desenvolvimento tecnológico, oito instituições do ensino superior e 59 empresas (distribuídas por 13 grandes, 33 PME e 13 micro e startups).

De acordo com a TICE.PT, “o conjunto das empresas associadas representam um volume de negócios no valor de 4.770 milhões de euros, 1.178 milhões de euros de exportações e 14,2 mil postos de trabalhos”.

Esta posição é divulgada no mesmo dia em que a Associação para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) manifestou “enorme preocupação” com a controvérsia em torno do 5G, afirmando que parece “imperativo alterar as regras” do leilão “no sentido de as tornar mais equilibradas e equitativas” para os interessados.

O leilão do 5G, cujo prazo para entrega das candidaturas termina esta semana, tem sido amplamente criticado pelos operadores de telecomunicações históricos, numa guerra aberta contra o regulador Anacom.