Tal como a maioria todos os portuenses, também André Guiomar tinha uma ideia pré-concebida sobre o Bairro do Aleixo antes de o conhecer a fundo. “A primeira vez que passei pelo bairro, quando ainda era adolescente, vi-o apenas por fora. Cresci a aprender que o shopping da droga no Porto era efetivamente ali, o que explica muito dos preconceitos que quase todos tínhamos sobre aquele lugar”, começa por dizer em entrevista ao Observador.

Anos depois, no fim de 2012, entra no bairro como assistente de produção de um filme de Luís Vieira de Campos e descobre os seus recantos, entrando na casa e na intimidade de várias famílias de moradores. “Quando passo um mês todos os dias com aquelas pessoas percebo que é tudo muito mais complexo do que aparentava. Em mil e muitas famílias que viviam ali, todas tinham mil e uma perspetivas da vida, experiências e dificuldades. Existia uma complexidade gigantesca numa teia social muito peculiar cheia de pessoas que nunca foram ouvidas e nunca tiveram uma voz.

Construído em 1973, o Aleixo tinha 320 casas distribuídas por cinco torres, onde os primeiros habitantes vieram do centro histórico, especialmente da zona da Ribeira. A primeira torre foi demolida em 2011 e a segunda em 2013, várias famílias foram realojadas em bairros sociais vizinhos. O atual autarca do Porto, Rui Moreira, ordenou que as restantes três torres fossem demolidas por completo a partir de maio de 2019.

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