A artista turca Ece Canli, radicada no Porto, lança a 27 de novembro o primeiro disco a solo, “Vox Flora, Vox Fauna”, em que combina a voz com outros elementos, relacionando a natureza humana e animal.

Editado pela Lovers & Lollypops, o disco é acompanhado por uma serigrafia, da Oficina Arara, na qual estará publicado um código para descarregar o disco, cuja apresentação ao vivo está marcada para o mesmo dia 27, no Teatro Municipal Rivoli, no Porto.

Gravado numa residência artística em Alpendurada, “Vox Fauna, Vox Flora” nasce de um concerto-performance que Ece Canli vinha a desenvolver, e é o primeiro registo a solo da cantora, que faz parte de um duo com a harpista Angélica Salvi, da banda Live Low e do trio Cobra’Coral.

Ao longo de oito canções, a artista e investigadora combina a voz, através do uso de técnicas vocais distendidas, com sintetizadores e outros sons digitais.

Em entrevista à Lusa, Ece Canli explica que sempre teve vontade de criar a solo e, aqui, vinha a trabalhar “improvisações” e a adicionar e mudar elementos na performance que tinha criado, antes do convite da Lovers & Lollypops.

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Nunca repito as canções da mesma forma, e um álbum é totalmente diferente de uma performance, especialmente agora, com tudo ‘online’, digital. É tudo mais inerte”.

O “álbum conceito” segue uma narrativa que se relaciona “muito com a natureza humana e animal”, além da história pessoal, através da incorporação de elementos de tengriismo, uma religião antiga da Ásia central que se liga a vários movimentos atuais na região turco-mongol.

Baseada no animismo e no shamanismo, é daqui que parte para questionar “o antropoceno e a natureza”, permitindo “dar voz, ou falar com, outros mundos, e elementos como a terra ou a água”.

Como sou artista visual e designer, trabalho muito também com o lado visual enquanto componho. Penso visualmente as canções, e esta narrativa, com oito temas, é uma viagem, e cada faixa um momento. Vejo o álbum como um filme”.

Queria usar “só a voz” no disco, mas acabou por ter “necessidade de trazer outros sons”, utilizando sintetizadores e pedais e mesmo uma ocarina, um instrumento de sopro, ancestral, de formato oval.

Apesar do registo de estúdio a satisfazer, concede que “é importante manter” as apresentações ao vivo. “Porque uso muito o corpo no palco, é muito importante. Talvez faça mais apresentações para grupos pequenos e não um concerto grande”, aponta.

Formada em design pela Universidade do Porto e em estudos interdisciplinares pela Universidade de Konstfack, na Suécia, Ece Canli trabalha, além da atividade como música e performer, como investigadora no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, e fundou o coletivo Decolonising Desin (Descolonizar o design, em tradução livre).