O Centro de Investigação dos Ungulados Silvestres (CIUS) da Serra da Lousã, que vai ocupar uma área de 100 hectares, deverá estar em funcionamento no final de 2021, anunciou o município de Penela, promotor do projeto.

O presidente daquela autarquia do distrito de Coimbra disse esta segunda-feira à agência Lusa que o CIUS procura ser “uma unidade de referência” no estudo cinegético das populações de veados, javalis e corsos, através de uma parceria com a Universidade de Aveiro, ao mesmo tempo que representa um produto turístico diferenciador.

A construção do cercado permite também a observação das espécies e outras experiências, nomeadamente associadas ao projeto da caça sem morte, em que se possa ter outras experiências de natureza turística que valorizam a serra e a diversidade cinegética”.

Além de um cercado biológico com 100 hectares em plena Serra da Lousã, na área geográfico do concelho de Penela, o CIUS engloba um laboratório de campo para investigação e monitorização do estado sanitário das espécies de ungulados, que será instalado num antigo ovil existente na área florestal das Louçainhas.

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Contempla também, na mesma zona, uma casa albergue e de apoio aos investigadores, cientistas, estudantes e visitantes que estejam a desenvolver alguma atividade relacionada com o projeto, que vai resultar da recuperação de uma antiga casa do guarda florestal.

O projeto, orçado em mais de 350 mil euros, com comparticipação de 85% pelo Programa Valorizar, está em fase de arranque, com o início da construção do cercado para breve.

No cercado biológico, de 100 hectares, “vai se procurar fazer o controlo das espécies cinegéticas, ao mesmo tempo que se procura mitigar alguns prejuízos que estão a provocar na atividade agrícola das populações, criando melhores e mais condições para a fixação dos animais no seu habitat natural”, sublinhou Luís Matias.

À medida que a cerca vai sendo instalada, os animais já lá vão permanecendo. A ideia, obviamente, é criar condições para que eles se fixem e permaneçam lá, para que se possa fazer um controlo desses animais, que têm de ser identificados”.

O presidente do município de Penela realça que, do ponto de vista cinegético, os troféus de veado e corso da Península Ibérica “são cada vez mais procurados pelo setor da caça, pelo que esse potencial deve também ser aproveitado”.

Ao mesmo tempo, podemos criar este tipo de animais para venda, já que o CIUS pode ter também uma função reprodutora”.

Segundo Luís Matias, existe também a oportunidade de a região se afirmar cada vez mais na gastronomia da caça, quando o laboratório estiver a funcionar e a produzir análises, “no sentido de melhorar aquilo que é depois a implementação desses produtos na carta gastronómica regional”.

Em síntese, o autarca considera que se trata de “um projeto inovador, que aproveita o recurso cinegético existente no território para melhorar o nível de conhecimentos sobre as espécies e para depois as valorizar do ponto de vista económico, sobretudo através do turismo”.

Por outro lado, acrescenta, o CIUS “acaba por ser um projeto estruturante para que a gestão na zona da caça nacional na Serra da Lousã, que foi entregue à Agência de Desenvolvimento da Serra da Lousã, “possa ter outro nível de desempenho”.

Permite ter ali também um suporte científico e perceber que a caça pode ser aproveitada de outras formas, que não apenas como ela funciona, e que existe um público muito específico que pode estar interessado neste tipo de turismo”.

O presidente da Câmara de Penela admite ainda que o projeto possa ser estendido a outros municípios abrangidos pela Serra da Lousã.