Houve um interesse do PSG, a hipótese de um regresso ao Manchester United, a possibilidade de ser trocado por Neymar, uma alegada aproximação do Real Madrid. Mesmo com contrato até 2022 e com 35 anos, existe um tema que se tornou intemporal e que passa pelo futuro de Cristiano Ronaldo, adensado por uma tentativa de redução da folha salarial por parte da Juventus. Para que não existissem mais dúvidas, e numa rara declaração pública, Jorge Mendes desfez qualquer rumor. “Vão ver, ele ainda vai bater muitos recordes. Está empenhado em ganhar a Liga dos Campeões pela Juve e até lá não ficará satisfeito. Já o disse muitas vezes e creio que poucos terão dúvidas: o Cristiano é o melhor da história, é incomparável. Não há nenhum recorde que não possa bater. Está prestes a ser o jogador com mais golos a nível de seleção e em absoluto”, assegurou o agente. Assunto encerrado.

Há quem diga que está perto do Real, há quem diga que está perto do PSG. Mas Ronaldo só conhece uma aproximação: a do golo

Mesmo com a ausência em alguns jogos após ter contraído o novo coronavírus, o avançado português conseguiu dar prolongamento à segunda volta de sonho em 2019/20 e está a ter o melhor arranque de temporada desde que chegou a Turim, no verão de 2018. Na Serie A, em cinco partidas interrompidas entre a terceira e a quinta jornadas, leva oito golos, marcando sempre e com três bis pelo meio incluindo o último contra o Cagliari (2-0). Faltava agora carimbar presença também na Champions, onde não marcou no único encontro realizado até esta fase diante do Ferencvaros mas na Hungria. Também aí, e como esse é o seu espaço, tornava-se uma questão de tempo.

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“O Ronaldo é um grande profissional, treina sempre ao máximo, é um exemplo e mostra isso em todos os jogos. O que tenho a dizer-lhe? Para continuar assim, se ele marca dois golos por jogo pouco há a dizer… Temos que mantê-lo assim. É o nosso jovem, temos de o segurar bem. Ele toca tanto na bola que acaba por fazer golos. Tem grande disponibilidade desde o primeiro dia, é um exemplo para todos”, destacou Andrea Pirlo, treinador da Juve, após o triunfo da última ronda do Campeonato entre zona de entrevistas rápidas e conferência de imprensa.

“Relação com Ronaldo? Comporto-me com ele como com todos os outros: com pessoas séries e simples há acordo com facilidade. Trato-o a ele, que é um campeão, como trato o [Gianluca] Fabrotta ou o [Manolo] Portanova. Este é o meu comportamento desde que era jogador”, acrescentou na antecâmara da receção ao conjunto magiar, antes de assumir uma ideia coletiva que ainda não conseguiu colocar em prática: “Pensamos em colocar  Ronaldo, Morata e Dybala juntos mas não ainda não tivemos a hipótese de os ter ao mesmo tempo. Primeiro temos de dar equilíbrio à equipa, depois podemos tentar encontrar soluções para jogarem juntos. Ferencvaros? Temos que fechar amanhã [terça-feira] a qualificação para dar um pouco de descanso a alguns jogadores com maior rotação no futuro. Se conseguirmos, podemos concentrar-nos melhor no Campeonato daí para a frente”.

Pirlo convenceu-se em demasia perante as facilidades na Hungria, “esqueceu-se” das várias ofertas que a defesa dos magiares foi dando ao longo dessa partida e encontrou muito mais dificuldades do que esperava, estando mesmo a perder na primeira parte com um golo de Myrto Uzini (19′, com a curiosidade de ter celebrado da mesma forma com que Ronaldo costuma fazer a festa) entre várias saídas interessantes em transição que aproveitavam os espaços deixados em aberto pelos italianos sem bola para ameaçarem a baliza dos visitados. Ainda antes do intervalo, o inevitável Ronaldo inventou mais um golo numa diagonal da direita para o centro com remate colocado de pé esquerdo (35′) mas acabou por ser curto: entre bolas ao poste de Bernardeschi e Morata, e mais um lance onde Dibusz, com um ligeiro toque, tirou o bis ao português, a Juventus só desfez o empate nos descontos, com Cuadrado a ganhar espaço pela direita e a cruzar para Morata marcar de cabeça (90+2′).

Aos 35 anos, Ronaldo fez o 36.º jogo de 2020 e apontou o 37.º golo este ano civil, o 131.º na Liga dos Campeões, prova onde marca já há 15 temporadas consecutivas tal como Lionel Messi. Quanto mais velho, melhor e talvez mais eficaz porque o golo que apontou ao Ferencvaros foi “arrancado” no meio da notória desinspiração coletiva dos bianconeri. Está confirmado o melhor arranque do português em três anos da Juventus, com nove golos em sete jogos oficiais. E está quase a confirmar-se outra marca que se julgava impensável no futebol mundial (que não a de melhor marcador de seleções de Ali Daei, que também lá chegará): com o 749.º golo em encontros oficiais como sénior, o capitão português está agora apenas a 18 golos de Pelé.