As empresas privadas não pretendem seguir o conselho do primeiro-ministro e suspender a produção  nas vésperas dos feriados de 1 e 8 de dezembro. Associações empresariais ouvidas pelo Correio da Manhã (artigo para assinantes) consideraram impraticável a paragem, numa altura em que os vários setores atravessam dificuldades devido à pandemia do novo coronavírus.

O Governo anunciou que ia dar tolerância de ponto à função pública para os dias 30 de novembro e 7 de dezembro, vésperas de ferido, e que ia suspender as atividades letivas nesses dias. António Costa apelou ainda às entidades privadas para que dispensem os trabalhadores nestes dois dias.

“É como pedir a alguém a afogar-se que deixe a cabeça debaixo de água mais uns minutos”, afirmou Mário Jorge Machado, da Associação Têxtil de Portugal. É “impensável”, considerou por sua vez Pedro Queiroz, diretor-geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA). “A medida não é proporcional ao que se pretende alcançar”.

César Araújo, da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (ANIVEC), justificou a impossibilidade de parar a laboração com “outras paragens forçadas” durante este ano, “Antes, até havia quem desse estes dias”, apontou, mas a maioria optará por não o fazer no início de dezembro. Já Vítor Poças, Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), lembrou ao Correio da Manhã que é preciso compensar o tempo perdido, porque é raro as empresas terem “linhas de produção a trabalhar em plenitude”.

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“A tendência é estar de porta aberta de manhã. A situação já está tão complicada que dificilmente abdicarão dessas receitas”, admitiu ao Correio da Manhã João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

Pais sem saber se faltas serão justificadas. Quem pode, opta por tirar férias

Segundo o Correio da Manhã, com o fecho das escolas, muitos trabalhadores optaram por pedir dispensa das vésperas, substituindo esses dias pelos feriados, para poderem alternar os dias com o cônjuge. Outra solução tem passado por tirar dias de férias. E ninguém parece saber com certeza se as faltas dadas serão justificadas.

“Há famílias aflitas, sem alternativa, que vão arriscar deixar os filhos com os avós ou sozinhos em casa”, afirmou Jorge Ascenção, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), em declarações ao Jornal de Notícias, frisando: “Quando uma medida é anunciada, é preciso pensar em todos, mesmo que sejam uma minoria”.

Contactado pelo Jornal de Notícias, Rui Martins, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE), disse acreditar que o regime criado em março após o fecho das escolas continua em vigor, mas não deu certezas. O mesmo jornal tentou confirmar essa informação junto do Ministério do Trabalho, mas não conseguiu obter uma resposta a tempo do fecho da edição.

Artigo atualizado às 8h53