O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse esta terça-feira que “em breve” irá visitar o Bahrain a convite do príncipe herdeiro Salman al-Khalifa, naquele que seria mais um passo no já iniciado processo de normalização de laços diplomáticos entre os dois países.

Este era um passo esperado depois de a 15 de setembro, na Casa Branca, e por intermédio da administração de Donald Trump, o Bahrain ter assinado juntamente com os Emirados Árabes Unidos um acordo de paz com Israel. Este desenvolvimento acabou por dar um tom oficial àquilo que já eram, na prática, relações informais mas ainda assim profícuas entre aqueles dois países árabes e o Estado judaico.

A declaração de Benjamin Netanyahu surgiu depois de na semana passada uma delegação do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Bahrain ter visitado pela primeira vez Israel. A delegação aterrou naquele país a bordo de um avião da Gulf Air, companhia aérea de bandeira do Bahrain, naquele que foi o voo inaugural da rota entre os dois países.

Esta segunda-feira, vários media israelitas noticiaram que Benjamin Netanyahu se encontrou com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. De acordo com o jornal Haaretz, aquela reunião contou com a presença do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, tal como com o chefe da Mossad, Yossi Cohen. O mesmo jornal adianta que a reunião decorreu sem o conhecimento dos ministros israelitas da Defesa (Benny Gantz) e dos Negócios Estrangeiros (Gabi Ashkenazi) — ambos membros de um governo de coligação e oriundos de forças políticas distintas do Likud, partido do primeiro-ministro. O acordo forjado entre as várias forças políticas que formaram governo para evitar umas quartas eleições legislativas inclui a previsão de uma rotatividade no cargo de primeiro-ministro, com uma alternância entre Benjamin Netanhyahu e Benny Gantz, em que cada um lidera o governo por períodos de 18 meses.

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Uma fonte governamental saudita confirmou ao Wall Street Journal essa reunião, mas negou a presença do secretário de Estado dos EUA. Ainda assim, depois de estas notícias terem sido publicadas na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita negou ter havido uma reunião com Benjamin Netanyahu.

“Não houve nenhuma reunião”, escreveu no Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, o príncipe Faisal bin Farhan. “Os únicos responsáveis presentes eram americanos e sauditas.”

Certo é que Mike Pompeo se encontra neste momento num périplo pelo Médio Oriente. Numa entrevista concedida à National Review esta segunda-feira a partir de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Mike Pompeo disse estar “confiante” de que “muitos países” vão normalizar as suas relações diplomáticas com Israel.

A normalização de laços diplomáticos entre Israel e diferentes países árabes que, até aqui, oficialmente não tinham relações com o Estado judaico, quebra um consenso entre os países árabes do Médio Oriente. Até aqui, apenas o Egito (1979) e a Jordânia (1994) tinham aceitado normalizar relações com Israel. A medida agora assumida pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Bahrain, aos quais poderão seguir-se outros países da região, significa um isolamento cada vez maior do Irão, a maior potência xiita e principal rival e ameaça tanto de Israel como a Arábia Saudita.

Como Trump juntou os Emirados Árabes Unidos e Israel. E deixou o Irão ainda mais encurralado