A Austrália adiantou-se numa questão que já há algum tempo está a ser equacionada na Europa: a tributação dos chamados veículos mais amigos do ambiente, sejam eles eléctricos ou híbridos. Sem esperar mais, os estados da Austrália do Sul e de Victoria decidiram avançar com a aplicação de uma taxa por quilómetro percorrido, cobrando aos utilizadores de veículos 100% eléctricos 0,025 dólares por quilómetro rodado, enquanto os híbridos plug-in pagam 0,020 (um valor inferior por já suportarem outro tipo de impostos relativos ao motor de combustão e respectivo combustível), avança a publicação local CarAdvice.

Este imposto implica obrigar um modelo eléctrico pagar 375 dólares australianos de imposto por ano, caso percorra 15.000 km, o que equivale a 231€, ou seja, 19,25€/mês. Nas mesmas condições, um veículo PHEV pagaria 300 dólares por ano, o equivalente a 185€.

A medida, para já a implementar regionalmente, entra em vigor a partir de Julho do próximo ano, desconhecendo-se por enquanto se os demais estados australianos vão seguir o mote e implementar também a cobrança da nova tarifa.

Na Europa, é provável que esta discussão seja acelerada, dado a crescente procura por este tipo de veículos que, para mais, usufruem de incentivos à sua aquisição, inclusivamente benefícios fiscais. Contudo, com isso, a receita arrecadada por via dos automóveis convencionais baixa, em consonância com a queda nas vendas. E, por tabela, também baixa o encaixe tributário sobre os combustíveis derivados do petróleo.

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Na Austrália, a medida procura compensar a perda de receita proveniente da venda de combustíveis fósseis, gasóleo e gasolina. Por lá, por cada litro de combustível vendido, o Governo federal arrecada 42,3 cêntimos e cerca de metade dessa receita é canalizada para a infra-estrutura rodoviária. Daí que o secretário do Tesouro de Victoria, Tim Pallas, defenda esta taxa de utilização das estradas.

Segundo ele, mesmo tendo de pagar anualmente cerca de 375 dólares (eléctricos) ou 300 dólares por ano (híbridos plug-in), valores que têm por base uma média anual de 15 mil quilómetros, os utilizadores de veículos electrificados vão continuar a ser favorecidos em relação aos demais automobilistas. “Mesmo depois da aplicação desta taxa  pela utilização de nossa rede rodoviária, as pessoas que conduzem veículos eléctricos vão pagar menos 40 a 45% do que os condutores de veículos movidos a gasolina ou diesel”, alega.

Por seu turno, o CEO do Electric Vehicle Council, Behyad Jafari, contesta a decisão. “É hora de incentivar os veículos eléctricos”, argumenta, acrescentando que não é oportuno “introduzir taxas que podem desincentivar aqueles que pretendem fazer a transição para a mobilidade eléctrica”.