“À portuguesa, ganda José de Sousa, já me roubaste o Special One mas fico muito contente que assim seja. Não é muito normal aquilo que tu fizeste, é tão anormal que foi a primeira vez que alguém fez e estou obviamente super orgulhoso. Um grande abraço e espero um dia que nos possamos conhecer e que me dês umas dicas porque de vez em quando gosto de brincar aos dardos mas sou um bocado para o fraquito…”. Na semana em que Inglaterra conheceu outro Special One, José de Sousa, português da Azambuja que se tornou o primeiro estreante de sempre a ganhar um Grand Slam de dardos numa prova muito mediatizada, com transmissão televisiva e que valeu também um prémio de 140 mil euros, José Mourinho aceitou o desafio da Professional Darts Corporation e deixou uma mensagem de vídeo gravada para o compatriota que se tornou campeão com o Special One nas costas.

A alcunha voltou a pegar e também por culpa do treinador e dos méritos de uma temporada onde o Tottenham tem mostrado que pode competir com os melhores. A palavra título continua a ser tabu (e assim continuará) mas existe um outro ambiente no conjunto londrino, depois de meia temporada em 2019/20 que nem sempre foi a melhor. E Mourinho teve grande mérito nesse caminho, pela forma como ganhou um grupo e recuperou jogadores mesmo que nesse trajeto outros tenham perdido a carruagem, como aconteceu por exemplo com Dele Alli.

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Mourinho avisou que só começou agora — mas também há vitórias ao sprint. E este Tottenham é candidato ao título

Eric Dier, internacional inglês que fez toda a formação do Sporting, revelou alguns dos segredos para essa mudança nos últimos meses, colocando sobretudo o enfoque na relação pessoal próxima que tem com os jogadores através de mensagens personalizadas, abraços, conversas particulares ou publicações e partilhas no Instagram. “Ele exige muito de nós em determinadas situações e é implacável connosco individual e coletivamente mas criou uma atmosfera fantástica e uma enorme camaradagem no balneário”, salientou o defesa. Exemplos práticos? As “farpas” a Lo Celso após o jogo na Bulgária resultaram e o argentino entrou para sentenciar a última vitória frente ao Ciy, a aposta com Reguilón para “secar” Mahrez foi perdida e no dia seguinte ofereceu ao lateral e a todo o plantel uma pata negra que custou mais de 500 euros. Alguns pequenos gestos que constroem grandes grupos e que vão reconstruindo a imagem e a perceção de Mourinho, que entretanto chegou também às redes sociais.

“Não é uma maneira de mostrar que estou mais próximo dos jogadores. O post depois do jogo com o Antuérpia [fotografia no autocarro] não era para celebrar nada, foi uma derrota horrível. E não publiquei nada depois da vitória sobre o Manchester City, uma boa vitória e estávamos todos contentes. Apenas tento abrir um pouco o nosso mundo ao mundo. As pessoas gostam de ver coisas a que normalmente não teriam acesso. O sucesso daquele documentário da Amazon foi precisamente por tudo estar aberto. Por exemplo, adoraria saber como trabalha uma grande equipa de Fórmula 1. Neste caso o Instagram é uma oportunidade para pequenas coisas que não prejudicam ninguém e até podem ser engraçadas”, explicou o treinador português.

E se as coisas têm corrido bem, no reencontro com o Ludogorets dificilmente poderiam correr melhor: mesmo com algumas alterações na equipa, Carlos Vinícius marcou os dois primeiros golos pelos londrinos com Dele Alli na jogada em ambos (16′ e 34′), Harry Winks assinou o momento da noite com um remate a 40 metros da baliza ao ângulo que mais pareceu uma tentativa de passe do que o arriscar de um tiro de meia distância (63′) e Lucas Moura fechou as contas da goleada em 4-0 (73′). Os búlgaros nunca foram um adversário ao nível dos spurs mas a equipa de Mourinho voltou a demonstrar muita alegria e disponibilidade no encontro, nunca facilitando ao contrário do que se passou por exemplo em Antuérpia. E se Mourinho fez alguma aposta de que seria possível o avançado brasileiro bisar ou o internacional inglês marcar um golo assim, vai sair ainda mais caro…