Uma iniciativa de recolha de brinquedos e alimentos vai permitir ajudar mais de 500 famílias e impulsionar o comércio local em época natalícia, na freguesia de Benfica, em Lisboa, depois de um ano marcado pela pandemia da covid-19.

Em declarações à agência Lusa, a responsável pelo pelouro dos Direitos Sociais da Junta de Freguesia de Benfica explicou que o projeto “Um Natal feito por e para todos”, que decorrerá entre 01 e 15 de dezembro, tem uma dimensão comunitária e demonstra a solidariedade das pessoas.

“É uma forma da própria comunidade se envolver com este espírito solidário, no Natal, e ajudar a contribuir para que as inúmeras famílias que estão a passar mal aqui – em Benfica – possam ter acesso à alimentação, brinquedos e outros bens”, realçou Carla Rothes (PS).

Com o envolvimento dos estabelecimentos comerciais, a autarquia considerou ser importante “vitalizar” os negócios que têm sofrido com a pandemia.

“Nós, neste momento, temos 50 lojas que já aderiram à nossa campanha e temos 20 que potencialmente ainda irão aderir. Trata-se de lojas – mais diversas possíveis — de comércio local da freguesia de Benfica, desde restaurantes a lojas, centros comerciais, lojas viradas para rua ou farmácias”, enumerou, afirmando que há “uma simbiose entre o espírito solidário e de incentivo ao comércio”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com Carla Rothes, a Junta de Freguesia já contabilizou mais de 500 famílias que estão a receber do banco alimentar de forma regular por causa da crise pandémica.

Uma das lojas envolvidas na iniciativa é a Bailarico, que vende artigos decorativos para os lares.

A gerente do espaço comercial, Susana Cruz, contou à Lusa que a iniciativa é uma “mais-valia” para as pessoas e para o comércio local.

“Estou na expectativa para ver como vai correr. Que traga pessoas à loja, mas acima de tudo estou mais na expectativa de que os meus clientes, que costumam vir cá, possam colaborar e ser solidários. A minha expectativa é mais do que propriamente trazer ainda mais clientes à loja”, referiu.

Preocupada com o futuro, Susana Cruz lembrou que, quando encerrou a loja em março, deixou de vender, mas dedicou-se às vendas ‘online’ em abril, conseguindo manter o negócio aberto.

“Em abril, quando comecei a perceber que conseguia fazer vendas ‘online’ e que os correios estavam abertos e que havia algum interesse por parte dos meus clientes antigos e novos de comprar artigos, não foi tão trágico como eu acharia que fosse e consegui manter a loja, mesmo estando fechada, a ter algumas vendas”, disse.

Sobre o encerramento prematuro do estabelecimento ao fim de semana, devido às medidas de contingência à propagação da covid-19, a comerciante salientou que sente diferença.

“O que eu comparo mais nestas medidas é estar apenas uma pessoa dentro da loja, porque a minha loja é muito pequena […] Acabo por ter poucas pessoas na loja. Duas horas de diferença, das 13:00 às 15:00, faz, de facto, diferença, quando pode estar apenas uma pessoa dentro da loja”, lamentou.

De acordo com o decreto do Governo que regulamenta a aplicação do novo estado de emergência devido à pandemia de covid-19, os estabelecimentos comerciais são obrigados a encerrar às 13:00 nos fins de semana de 28 e 29 de novembro e 05 e 06 de dezembro, bem como nos feriados de 01 e 08 de dezembro.

Também Ana Pereira, da Mixtura QB (mercearia a granel), considerou que podia ter mais clientes, mas percebe que as pessoas “têm muito medo de frequentar qualquer tipo de comércio”.

“Acho que se estivéssemos noutra altura — que não da pandemia — teríamos tido mais visibilidade. Neste momento as pessoas vêm, mas vêm muito a medo”, observou, avisando que sábado é “o dia mais agitado” na loja, podendo atingir os 30/40 clientes.

A responsável pelo espaço comercial sustentou ainda que a campanha “Um Natal feito por e para todos” vai “apoiar as pessoas que estão um bocadinho mais desfavorecidas” e ajudar o comércio.

“As pessoas sabem que nós temos o ponto de recolha na loja, acabam por vir doar o que está a ser pedido e acabam por frequentar o espaço, acabam por conhecer o espaço e acabam por conseguir fazer as suas compras e ajudar o comércio local nesta altura do ano, nesta altura de pandemia, em que estamos a passar mais dificuldades”, frisou.

Em Portugal, morreram 4.276 pessoas dos 285.838 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.