Em menos de dez dias, as equipas dos hospitais públicos do Reino Unido devem ter as equipas preparadas para começar a receber as primeiras doses de vacinas contra o vírus da Covid-19. A notícia é avançada pelo jornal The Guardian que cita várias fontes hospitalares. A 7 de dezembro, segunda-feira, o fármaco da Pfizer deverá estar nas mãos dos profissionais do serviço nacional de saúde (National Health Service, NHS na sigla inglesa), e serão estes também os primeiros a ser vacinados.

“Disseram-nos para estarmos à espera da vacina a 7 de dezembro e para planearmos vacinar a nossa equipa durante essa semana”, escreve o jornal britânico citando fonte hospitalar. “É a vacina da Pfizer que vamos receber, portanto, não pode ser transportada novamente depois de nos ser entregue e teremos de usá-la no espaço de cinco dias, que é seu prazo de validade.”

A resposta que o Guardian obteve junto de vários hospitais de todo o país foi a mesma: todos esperam receber as suas doses entre 7, 8 ou 9 de dezembro. Isto significa que a aprovação oficial da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde para o uso de emergência da vacina deverá acontecer durante a próxima semana.

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Chegada a vacina aos hospitais, serão os profissionais de saúde os primeiros a ser vacinados, embora, numa primeira fase da discussão, o Governo de Boris Johnson tivesse apontado que seriam os cidadãos com mais de 80 anos e os residentes em lares de idosos a ter prioridade na vacinação. A escolha prendia-se com o facto de serem aqueles que correm maior risco de morrer na sequência da doença.

Neste momento, são a segunda prioridade e a mudança de regras teve a ver com as condicionantes do transporte da vacina desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech. O fármaco só pode ser transportado um número limitado de vezes, já que se for movida mais do que quatro vezes pode tornar-se instável e ineficaz, escreve o jornal britânico.

Assim, esta característica da vacina torna complicado o seu transporte dos hospitais para residências de terceira idade ou para outros locais. No momento em que chegar aos hospitais públicos o medicamento da Pfizer já terá sido movido duas vezes: da linha de produção na Bélgica para os armazéns britânicos e dali para as unidades de saúde.

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O mais provável é que os idosos tenham de esperar pela vacina da Universidade de Oxford e da AstraZeneca que o governo também já encaminhou para a Agência Reguladora de Medicamentos.

Ao contrário do medicamento da Pfizer, o fármaco da Oxford não precisa de ser conservado a 70ºC negativos e pode ser facilmente transportado.

Hospitais de Inglaterra correm risco de saturação, avisa Michael Gove

Os hospitais em Inglaterra correm o risco de ficar saturados com casos de Covid-19. O alerta foi feito pelo ministro Michael Gove num artigo do jornal The Times. A única solução, advertiu, é introduzir o sistema de restrições seletivas, que deverão ser votadas para a semana no parlamento e que contam com a resistência dos deputados conservadores.

De acordo com o sistema de restrições apresentado pelo primeiro-ministro Boris Johnson, o país fica dividido em três níveis de risco (médio, alto e muito alto), mas apenas a Ilha de Wight, a Cornualha e as Ilhas de Scilly estarão no primeiro nível de risco, com medidas mais leves.

No artigo que assina, Michael Gove defende esse se não forem adotadas medidas para retardar a propagação do vírus, o serviço de saúde pública será “quebrado” e os hospitais ficarão “fisicamente saturados”.

“Os níveis de restrições adotados antes do bloqueio não suprimiram a Covid-19 o suficiente: eles não foram fortes o suficiente para reduzir o contacto social, nem foram aplicados de forma ampla o suficiente para conter a disseminação do vírus”, considera Gove.