A policia espanhola está a investigar alegadas irregularidades em 23 adjudicações de obras públicas de cinco ministérios do último mandato de José María Aznar, ex-primeiro-ministro espanhol, na ordem dos 600 milhões de euros. Mais importante: existem indícios de que essas irregularidades poderão estar ligadas ao financiamento ilícito do Partido Popular (PP), noticia o jornal El País.

Este é mais um desenvolvimento do chamado caso Bárcenas que tem Luís Bárcenas, antigo tesoureiro do PP, como protagonista do chamado saco azul do partido de José Maria Aznar e de Mariano Rajoy que eram alimentado com alegados subornos de construtores de obras públicas.

Na origem das suspeitas, estão contratos públicos realizados entre 2002 e 2006 com Alfonso García Pozuelo, dono da construtora Hispánica. Pozuelo já foi condenado a dois anos de prisão na sede do processo Gürtel — um mega processo judicial que envolve o PP e ao qual Bárcenas também está ligado.

A polícia suspeita que terá havido comissões ilegais pagas a Bárcenas e a um intermediário para que as obras a 23 projetos fossem realizados pela construtora do empresário. E os contratos realizados envolvem obras como a construção de cinco estradas (do Ministério das Obras Públicas), um novo quartel em Paracuellos del Jarama (do Ministério da Defesa) e até a reabilitação da nova sede do Arquivo Histórico Nacional (do Ministério da Educação).

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É possível estabelecer de forma indiciária uma correlação entre as entregas de fundos realizados por García Pozuelo, seja através de Francisco Correa ou diretamente a Luis Bárcenas, e as adjudicações publicadas recebidas por Hispánica  de poderes adjudicadores governos pelo PP”, lê-se na nota da Unidade da Criminalidade Económica e Fiscal da Polícia Nacional a que o El País teve acesso.

Uma investigação inicial já tinha detetado que vários construtores teriam alegadamente pago a Bárcenas, mas apenas García Pozuelo confessou que tinha pagado a Fernando Correa (intermediário de Bárcenas) para conseguir a adjudicação de duas obras em Castilla e León e Pozuelo de Alarcón.

A Unidade da Criminalidade Económica e Fiscal da Polícia Nacional estima que a Construtora Hispánica recebeu cerca de 224 contratos do Governo de Aznar e considera que existem elementos “objetivos, subjetivos e temporais” que evidenciam um elo entre a construtora e a realização de vários projetos. “As entregas de dinheiro realizadas entre 2002 e 2006” coincidem “com os processo de tramitação dos expediente de contratação”, lê-se no processo.

O juiz José De La Mata, responsável pela investigação reaberta há três anos, exige agora que sejam entregues os documentos públicos referentes às obras em questão.

O caso Bárcenas tem como protagonista o ex-tesoureiro do PP, Luís Bárcenas, que alimentava um saco azul com alegados subornos pagos por empresas construtoras e de outro setores. As investigações da Justiça espanhola permitiram descobrir que as despesas de vários dirigentes nacionais do PP eram pagas através desse saco azul. Bárcenas chegou a envolver o ex-líder do PP e o ex-primeiro-ministro Mariano Rajoy no esquema mas a Justiça espanhola não conseguiu encontrar prova de que Rajoy tivesse sido pago pelo saco azul gerido por ex-tesoureiro do PP.