Diego. Armando. Maradona. Diego Armando Maradona. Aqui, ali, acolá, em todo o lado, para sempre. Depois de milhares e milhares de reações após a morte do astro argentino na passada quarta-feira, os últimos dias foram marcados por inúmeras homenagens a El Pibe em competição. A mais emblemática chegou da Bombonera, onde estava uma das filhas do Pelusa, mas houve outras no plano mais individual como a de Messi, numa onda que não se ficou pelo futebol e chegou também ao râguebi e na Austrália.

A salva de palmas do Boca que levou Dalma Maradona às lágrimas

Os responsáveis do Boca Juniors, que continuam a jogar à porta fechada na Bombonera, tinham preparado uma série de homenagens a Maradona no primeiro encontro oficial realizado após a morte do seu antigo jogador, com várias faixas com mensagens e imagens de El Pibe. No entanto, o grande momento surgiu após o primeiro golo dos xeneizes frente ao Newell’s Old Boys, a outra equipa que o 10 representou depois de deixar a Europa (tendo como último clube o Sevilha): Edwin Cardona marcou de livre direto e a equipa foi buscar uma camisola do astro para olhar para o camarote onde costumava ver os jogos e bater palmas a Dalma, uma das filhas de Maradona que ia habitualmente aos encontros na Bombonera com o pai. No final do jogo, e quando Dalma já tinha fechado a janela do camarote, a homenagem repetiu-se e Dalma voltou a não aguentar as lágrimas de emoção pelo gesto.

Centenas de tochas e um equipamento especial em Nápoles

Os adeptos napolitanos já tinham feito autênticas romarias a vários locais da cidade desde quarta-feira, o dia da morte de Diego Armando Maradona, fazendo vigílias não só junto ao Estádio San Paolo (que em breve poderá ter o nome do astro argentino) mas também noutras zonas onde a imagem do antigo jogador dos italianos está pintada como se fosse um Deus. Em fim de semana de jogo, os adeptos reuniram-se à volta do recinto e abriram centenas de tochas vermelhas que resultaram numa imagem verdadeiramente impressionante fora de campo, enquanto os jogadores entraram com uma camisola especial. Insigne levantou uma camisola do 10 após o primeiro golo da goleada frente à Roma, Mertens também não escondeu a emoção depois de se ter deslocado antes à homenagem num dos bairros da cidade (Quartieri Spagnoli) para deixar um ramo de flores em memória de El Pibe.

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Messi, um golo à Maradona e a camisola 10 do Newell’s Old Boys

Lionel Messi, a grande referência do futebol argentino da última década e meia, fechou a goleada do Barcelona em Camp Nou frente ao Osasuna (4-0) com um golo com semelhanças a um que Maradona tinha marcado quando jogou no Newell’s Old Boys, antiga equipa também o capitão dos catalães. Só a jogada em si, fintando adversários à entrada da área até ao remate de pé esquerdo, já era uma homenagem digna a El Pibe mas Messi tirou a camisola dos blaugrana para exibir a 10 do Newell’s enquanto apontava e olhava para o céu recordando o Pelusa.

As palmas de Diego Simeone que se ouviram e bem no Mestalla

O minuto de silêncio em memória de Diego Armando Maradona (e Juan Sol, antigo internacional espanhol) antes do Valencia-Atl. Madrid, que tinha ainda esse “peso” de ser jogado no Mestalla, estádio onde o argentino fez o seu primeiro jogo na Liga espanhola pelo Barcelona, foi interrompido logo no início por Diego Simeone, antigo jogador e companheiro de seleção El Pibe que é treinador dos colchoneros e que bateu palmas durante um minuto a olhar para os ecrãs com a imagem de Maradona e para o céu de lágrimas nos olhos, visivelmente emocionado.

Um 10 desenhado no meio-campo e as lágrimas de Marcelo Gallardo

Diego Maradona teve oportunidade de jogar pelo River Plate, quando o Argentinos Juniors recebeu uma proposta ainda mais vantajosa para ficar com o seu passe. Ao invés, El Pibe preferiu assinar pelo Boca Juniors, o seu clube do coração. Naquela que é a maior rivalidade na Argentina e uma das maiores do mundo, o 10 escolheu um lado mas teve uma carreira de tal forma unânime nos clubes e na seleção que os millonarios nunca o viram na verdade como um adversário e na hora do adeus tiveram uma sentida homenagem na partida com o Rosario: as equipas desenharam um 10 no meio-campo, onde estava também uma imagem do Pelusa com a taça de campeão do mundo na mão, com as imagens a focar o técnico do River, Marcelo Gallardo, emocionado a recordar o amigo.

De Tagliafico a Joel Fameyeh, o aquecimento ao som de Live is Life

A música Live is Life que se ouviu num dos mais míticos aquecimentos de Maradona quando era jogador do Nápoles apenas a dar toques com a bola durante mais de cinco minutos foi outra forma de homenagear El Pibe. Tagliafico, lateral argentino do Ajax, já o tinha feito antes do último encontro da Liga dos Campeões, poucas horas depois de se conhecer a morte do 10, e este fim de semana foi Joel Fameyeh a fazer o mesmo antes do encontro do Orenburg, da 2.ª Divisão russa. O avançado ganês de 23 anos privou com Diego Maradona no Dínamo Brest, clube que foi liderado pelo argentino durante três meses em 2018 (passou depois a presidente honorário dos bielorrussos) antes de receber uma proposta para ser treinador da equipa mexicana do Dorados de Sinaloa.

Em Sevilha ouviu-se um tango em memória de Diego

O Sevilha, a outra equipa a par de Barcelona e Nápoles em que Maradona jogou na Europa (na temporada de 1992/93), decidiu homenagear El Pibe de uma maneira particular: além de entrar em campo com camisolas alusivas ao argentino, o clube pediu ao Huesca para que durante o minuto de silêncio se ouvisse no Estádio El Alcoraz a música Mi Buenos Aires querido, um tango escrito por Alfredo Le Pera e cantado por Carlos Gardel.

Renato Gaúcho, um treinador com a 10 num jogo

O minuto de silêncio em memória de Diego Armando Maradona que foi cumprido em todas as principais ligas foi gerando imagens de consternação e tristeza bem percetíveis, como aconteceu na Premier League por exemplo com Carlo Ancelotti e José Mourinho. Antes, Renato Gaúcho, antiga estrela do futebol brasileiro que é hoje treinador do Grémio, tinha levado a homenagem ao amigo mais longe e orientou o jogo frente ao Guarani a contar para a Taça dos Libertadores com a camisola número 10 da argentina com o nome de El Pibe nas costas.

Lucas Barrios: a 10 autografada e com dedicatória entre balões para os céus

O primeiro jogo do Gimnasia, clube do qual Diego Maradona era treinador, teve uma carga emocional notória, a que se juntou também a homenagem do clube adversário (Veléz Sarsfield). Os jogadores entraram todos com uma camisola a recordar o antigo astro argentino e muitos não aguentaram as lágrimas no momento em que se cumpriu um minuto de silêncio enquanto se ouvia no estádio (de novo sem público) a música La Mano de Diós. Lucas Barrios, experiente avançado paraguaio nascido na Argentina que se mudou para o Gimnasia por influência de El Pibe, entrou com uma camisola especial da celeste com o número 10 e uma dedicatória do próprio Maradona. Os jogadores dos dois conjuntos fizeram também uma largada de balões antes do início do encontro.

A camisola 10 dos All Blacks ante do haka contra a Argentina

As homenagens a Maradona não ficaram apenas pelo futebol e o melhor exemplo do que se passou noutros campos chegou do râguebi: antes de mais um encontro na Tri Nations Cup, que se está a realizar na Austrália (Newcastle), a equipa dos All Blacks da Nova Zelândia deixou uma camisola com o número 10 na zona do meio-campo da equipa da Argentina antes de fazer o tradicional haka numa partida onde acabariam por ganhar por claros 38-0 depois da histórica vitória da equipa dos Pumas por 25-15 frente à melhor equipa do mundo a meio de novembro.

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