Em 12 jogos entre Liga e Champions, o Atl. Madrid sofreu três golos. Mas 12 jogos sem contar com a deslocação a Munique, onde só em 90 minutos consentiu quatro – e podiam ter sido mais. Se no plano interno a carreira que os colchoneros têm feito aumenta a esperança no regresso ao título aproveitando os constantes tropeções dos rivais mais diretos, o plano europeu continuava tremido não só por esse desaire pesado na Alemanha mas também pelos dois empates frente ao Lokomotiv Moscovo onde a equipa foi sempre superior mas não conseguiu materializar a sua supremacia. Mais do que uma vitória para dar um passo de gigante (ou mesmo decisivo) rumo aos oitavos da Champions, havia contas por acertar com o passado recente. E contra o pior adversário para acertar contas.

João Félix foi o menos mau entre a falência do Simeoneball: campeão europeu Bayern atropela Atl. Madrid na estreia

Depois da surpreendente derrota com o Hoffenheim, o Bayern voltou ao ritmo normal desde que Flick estabilizou o seu comando no conjunto de Munique, somando 12 vitórias e um empate (Werder Bremen) nos últimos 13 jogos. Pode ter jogos mais ou menos conseguidos mas, quando chega a hora da verdade, nunca falha. Em paralelo com isso, existia uma questão de mentalidade: apesar de já ter garantido o primeiro lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões, os bávaros encaram todos os encontros sem poupanças de resultados (mesmo que possam ir rodando os elementos mais utilizados) e com a mesma mentalidade que os conduziu ao título europeu na última temporada. Também por isso, este era um dos encontros mais aguardados da quinta ronda da Champions.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Temos cinco alterações e uma equipa à minha disposição com muita qualidade. Isso dá-me garantias de que posso dar minutos a todos em todos os jogos, sempre com o objetivo de ganhar. Além disso vou muito contente com a exibição do Lemar”, explicou Diego Simeone após o último triunfo em Valência, justificando o facto de ter entrado sem avançados com João Félix e Ferreira-Carrasco no banco. Esse era aliás um dos problemas do argentino para o decisivo encontro da Champions: não poder contar com os dois principais goleadores da equipa.

“O Luis Suárez e Diego Costa, pelas características que têm, são avançados que resolvem com as oportunidades que a equipa consegue criar. Temos jogadores como João Félix, Ferreira-Carrasco, Correa, Saúl, Koke e Lemar que têm golo, ainda que tenham demorado a demonstrar. De qualquer das formas temos de jogar bem com as opções que temos e os golos vão aparecer”, destacou. E apareceu mesmo, de novo por João Félix, que chegou ao oitavo golo da época em 11 jogos (mais duas assistências), apenas menos um do que fez ao longo da última temporada que marcou a estreia em Espanha e já o terceiro na Liga dos Campeões depois do bis ao Salzburgo. No entanto, não chegou. E o empate com o Bayern faz com que tenha de no mínimo empate na Áustria na última jornada.

Depois de um início de jogo com o Bayern (com várias alterações nas opções iniciais, o que permitiu ver em ação Jamal Musiala, um jovem de 17 anos que ainda vai dar mesmo muito que falar) a ter mais posse e o Atl. Madrid a recusar desmanchar a estratégia sem bola, um cabeceamento de Giménez na sequência de uma bola parada deu o mote para o melhor período dos espanhóis na primeira parte (20′), com Carrasco a rematar perto do poste após passe de classe de João Félix (23′) e o português a inaugurar o marcador com um toque de classe ao primeiro poste na sequência de uma jogada de combinação entre Trippier e Llorente com cruzamento do espanhol (26′). Após o intervalo, e num lance que viria a ser anulado, João Félix ainda acertou na trave mas o Atl. Madrid foi recuando demasiado cedo as linhas e consentiu mesmo o empate numa grande penalidade de Müller (86′).