A vigília de empresários da restauração do Porto vai ser retomada esta quinta-feira por tempo indeterminado, depois de ter sido interrompida durante a madrugada de terça-feira, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Restaurantes.

“Vamos voltar hoje a estar em vigília, com estruturas para se poder pernoitar. Hoje, às 19h00, começamos a montar para que se inicie sem interrupções”, explicou Daniel Serra, acrescentando que foram constituídos grupos de seis pessoas de entre 18 para se irem revezando, durante noite e dia.

A vigília de empresários da restauração afetados pela pandemia de Covid-19 foi iniciada em 30 de novembro, quatro dias depois de nove elementos do movimento “A Pão e Água” ter iniciado uma greve de fome junto à Assembleia da República, em Lisboa, mas teve de ser interrompida na madrugada de terça-feira por falta de tendas.

Agora haverá condições. [A vigília] Irá durar as semanas que forem necessárias, a ideia é dar continuidade e voz àqueles que estão numa situação já de fim de linha, numa situação extrema, empresários que, não vendo soluções à vista, estão revoltados por não haver uma solução para eles, já que os apoios não estão a incluir todos”.

Segundo adiantou Daniel Serra, os empresários vão estar em vigília com velas, por forma a “iluminar os políticos” para os problemas que estão a atravessar devido às restrições impostas no âmbito do combate à pandemia de Covid-19.

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O “acampamento” ficará junto ao monumento a Almeida Garrett, na Praça General Humberto Delgado (ao cimo da Avenida dos Aliados), em frente à Câmara do Porto, e resulta do movimento espontâneo de empresários que ameaçam manter-se lá até o Governo discutir os apoios a dar ao setor.

A iniciativa teve a adesão do Movimento das Mulheres pela Restauração e da Associação Nacional de Restaurantes.

O primeiro-ministro afirmou na quarta-feira que o Governo continua a dialogar com representantes dos setores da restauração e animação noturna, salientando medidas de apoio em curso e pediu o fim do “impasse” com empresários em greve de fome em Lisboa.

António Costa contestou também que estes setores não estejam a ser alvo de medidas de medidas de apoio por parte do seu Governo, dizendo que esses auxílios “totalizam já 1.100 milhões de euros, metade dos quais a fundo perdido”.

O Governo anunciou, na semana passada, as medidas de contenção da pandemia da Covid-19 para o novo período de estado de emergência: nas vésperas dos feriados, o comércio encerra a partir das 15h00 em 127 concelhos do continente classificados como de risco “extremamente elevado” e “muito elevado” e mantêm-se os horários de encerramento do comércio às 22h00 e dos restaurantes e equipamentos culturais às 22h30 nestes concelhos e em mais outros 86 considerados de “risco elevado”.

No dia 14 de novembro, o ministro da Economia disse que o apoio excecional aos restaurantes dos concelhos abrangidos pelo estado de emergência para os compensar pela receita perdida nestes dois fins de semana acenderá a 25 milhões de euros e será pago este mês.

Os dados avançados pelo ministro indicam que dos 750 milhões de euros contemplados no programa Apoiar.pt – apoio a fundo perdido destinado a micro e pequenas empresas dos setores mais afetados pela crise com quebras de faturação superiores a 25% -, 200 milhões de euros serão absorvidos pelo setor da restauração.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 1,4 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 4.645 em Portugal.