A NBA arranca na próxima semana a habitual pré-temporada, desta vez mais curta do que é costume, e encontra-se a duas semanas do início da nova época depois do triunfo dos Los Angeles Lakers na final frente aos Miami Heat. Daí para cá, houve um draft mais às cegas do que é normal tendo em conta o menor número de jogos que também os universitários foram realizando, muitas trocas incluindo de estrelas como a recente passagem de John Wall para os Houston Rockets e a ida de Russell Westbrook para os Washington Wizards e as eleições presidenciais dos EUA, um marco relevante tendo em conta tudo o que se passou na bolha de Las Vegas. Tudo começa a caminhar para uma normalidade possível ainda sem público nos pavilhões para todos. Ou quase todos.

O drama de uma estrela da NBA, que tem a mãe em coma induzido: “Ela estava a deteriorar-se, a deteriorar-se, a deteriorar-se…”

Em abril, Karl-Anthony Towns, então em confinamento, deu conta da morte da mãe vítima de complicações que estiveram associadas à Covid-19. Agora, oito meses depois, acaba de perder também o tio. E pelo meio chorou ainda a morte de mais cinco familiares, naquele que descreve como o ano mais difícil da sua vida aos 25 anos.

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Já passei por muito, obviamente a começar pela minha mãe. Ontem [sexta-feira] à noite recebi uma chamada a dizer que tinha perdido o meu tio. Sinto que a vida me endureceu neste último ano. Vi muitos caixões nos últimos sete meses. Agora sou eu que procuro respostas para tentar manter a minha família bem informada e tomar todas as providências necessárias para mantê-la viva”, revelou o poste dos Minnesota Timberwolves, única equipa que teve na NBA desde 2015.

Em mais um dos vários vídeos que tem partilhado nas redes sociais, sobretudo para explicar o que passou com a situação da mãe, o americano admitiu também que esta será a temporada mais complicada que irá enfrentar na NBA. “Quis proteger outros e fazer com que estejam sempre bem informados, apesar de saber que iria puxar pela minha parte mais emocional. Não quero que as pessoas sintam isto. No fundo, não quis que ninguém se sentisse tão sozinho e perturbado como estava”, referiu no mesmo vídeo, citado pela Sports Illustrated. “Vais ser difícil jogar. E será complicado achar que voltar ao jogo é a minha terapia, não penso que será assim. Voltar a jogar vai dar a possibilidade de recordar as boas memórias que tive”, acrescentou o jogador.

No início de novembro, num vídeo a que chamou “O ano mais difícil da minha vida”, Karl-Anthony Towns, que tem dupla nacionalidade americana e dominicana, tinha revelado também os últimos dias da mãe e a difícil conversa que manteve com o pai, que esteve infetado mas que conseguiu recuperar sem sequelas.

“Ele estava tipo ‘Ela foi-se, teve um derrame durante a noite e foi-se’. Eu respondi: ‘Ela deu um passo atrás? Qual é o próximo passo?’ Porque, na minha cabeça, penso apenas nos próximos passos. O meu pai tinha acabado de me dizer que os médicos achavam que não havia forma de lhe dar uma vida decente depois do derrame. Chegou a um ponto em que estava a prejudicá-la. Dei-lhe muito tempo e tomei a decisão mais difícil que se pode tomar. Liguei para a minha irmã, disse-lhe qual foi a decisão que tomei. Tens que saber viver com isso. Decidi. Estou a tentar recuperar e dar o máximo pela minha irmã e pelo meu pai, estou a tentar cuidar dos meus amigos e curar-me através deles”, contou a propósito dos últimos momentos antes da morte da mãe.

“Acho importante que todos entendam a gravidade do que está acontecer no mundo neste momento com o novo coronavírus e acho que o ponto onde estou nesta altura da minha vida pode ajudar”, explicara no final de março, prosseguindo: “Disseram-me no início da semana passada que meus pais não se estavam a sentir bem. A minha primeira reação foi procurar logo atendimento médico para eles porque não há motivo para esperar, basta ir ao hospital mais próximo. Depois de alguns dias sem mostrar sinais de melhoria, fui inflexível e pedi para que fosse feita no hospital uma avaliação mais aprofundada da situação para tentar encontrar o problema”.

“A minha irmã disse-lhe especificamente que tinha de ser testada à Covid-19. Acho que ninguém realmente percebeu o que era aquela deterioração da sua condição, ela continua a piorar, continuava a piorar, o hospital estava a fazer tudo o que podia mas ela simplesmente não melhorava. A febre nunca diminuiu dos 39,5º, talvez baixasse com os medicamentos dos 39º mas durante a noite voltava a subir. Estava muito desconfortável, os pulmões estavam a piorar, a tosse estava a piorar. Ela estava a deteriorar-se, a deteriorar-se, a deteriorar-se”, acrescentou, explicando o processo até a mãe ter passado para os Cuidados Intensivos.