Dois elementos da corporação de Bombeiros Voluntários de Lamego infetados com covid-19 foram instruídos pela direção a não revelarem os contactos pessoais às autoridades de saúde, disse sexta-feira à agência Lusa o subchefe Nuno Moreira.

O voluntário acusa a direção de manter aquela corporação do distrito de Viseu a funcionar “normalmente”, colocando em risco “a saúde dos bombeiros, dos seus familiares e da própria população”, ao alegadamente não cumprir as normas da Direção-Geral da Saúde.

Contactado pela Lusa, o subchefe Nuno Moreira acrescentou, ainda, que ao confrontar o presidente da associação humanitária que detém a corporação de bombeiros, este “chamou as autoridades” policiais para o colocar “fora do quartel” e apresentou queixa na PSP de Lamego, onde o bombeiro também se encontrava para prestar declarações depois de ter sido identificado no quartel.

O voluntário garantiu também que apesar de existirem dois casos confirmados de covid-19 entre os bombeiros da corporação “não foram feitos quaisquer testes” aos restantes elementos do quartel, “nem qualquer desinfeção” dos espaços ou tomadas precauções para “evitar contactos com pessoas”.

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Direção rejeita acusações e avança com queixa-crime e processo disciplinar

A direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Lamego rejeita cabalmente as acusações do subchefe Numo Moreira.

“É totalmente falso que tenhamos dado qualquer instrução para omitir contactos, como os bombeiros que testaram positivo podem comprovar”, refere um comunicado enviado à agência Lusa, subscrito pelo presidente da Direção, Helder Santos.

A nota da direção da associação refere que os dois bombeiros que testaram positivo ao novo coronavírus foram de imediato colocados em isolamento pela autoridade de saúde, que “supostamente terá contactado todos os contactos indicados (quatro a saber)”.

Segundo a direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Lamego, dos quatro elementos contactados, dois estão em isolamento profilático e outros dois não foram colocados em isolamento, porque “a autoridade de saúde entendeu que estavam protegidos quando se deu o contacto”.

“Toda esta informação surge dos próprios bombeiros, positivos e contactos, porque à entidade patronal não chegou qualquer informação da autoridade de saúde, da Linha de Saúde 24, ou que tenham sido entregues as declarações de isolamento profilático”, lê-se no comunicado.

A direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Lamego diz ainda que até à data não foi aconselhada pela Direção-Geral de Saúde (DGS) a fazer testes aos restantes elementos da corporação, admitindo que isso possa vir a ser feito após receberem essa indicação.

A direção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Lamego rejeita estas acusações, afirmando que a informação que foi transmitida à Lusa pelo subchefe surge na sequência de “ofensas, ameaças e agressão” ao presidente da direção, pelo facto de estarem a ocorrer eleições para os Órgãos Sociais, e o dito bombeiro “não concordar com a única lista apresentada a sufrágio”.

“Na sequência deste comportamento, a direção solicitou a intervenção da PSP de Lamego para remover o bombeiro das instalações, tendo este após a partida da PSP, e à frente do quartel, perpetrado uma agressão violenta na pessoa do presidente da direção”, refere o comunicado.

O presidente da direção diz ainda ter apresentado uma queixa-crime, tendo sido instaurado um processo disciplinar ao subchefe Nuno Moreira, que se encontra suspenso de funções e está proibido de entrar nas instalações da associação.