O governo sul-africano, liderado pelo ex-movimento de libertação Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), aprovou a exportação de armamento e equipamento militar para o conflito armado no norte de Moçambique, noticiou a imprensa.

Pelo menos cinco veículos blindados “Paramount Marauder” de 17 toneladas de fabrico sul-africano, equipados com metralhadoras, chegaram em novembro à província de Cabo Delgado “como parte de operações terrestres”, escreve o portal defenceweb.

Em junho, o Comité Nacional de Controlo de Armas Convencionais (NCACC) do governo sul-africano, que aprova o fornecimento de armas e munições e emite a respetiva autorização de exportação, divulgou que o Parlamento que a África do Sul forneceu armas a Moçambique, sem precisar detalhes, adianta o portal sul-africano.

“Não podíamos dizer que não a Moçambique porque é um governo soberano sob ataque de terroristas”, disse o presidente da comissão e ministro na Presidência, Jackson Mthembu, citado pelo defenceweb, referindo-se à alegada insurgência armada na província moçambicana de Cabo Delgado.

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O Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975 em Moçambique, e aliado político do ANC, enfrenta desde há três anos um conflito armado com grupos locais na província de Cabo Delgado, norte do país, que já casou mais de 2.000 mortes e 500.000 pessoas deslocadas.

O portal sul-africano refere que um porta-voz da empresa fabricante Paramount, remeteu para “os governos envolvidos quaisquer esclarecimentos”, sublinhando que a empresa “só fornece soluções e equipamento a governos soberanos”.

O Grupo Paramount foi criado na África do Sul em 1994, ano em que o governo do ANC, liderado pelo ex-Presidente Nelson Mandela, foi eleito nas primeiras eleições multirraciais e democráticas no país, com “o objetivo ousado de ajudar os governos africanos a proteger melhor os seus países”, refere o sítio oficial na internet da empresa sul-africana. A empresa emprega mais de 3.000 funcionários, e conta com unidades industriais em África, Ásia e Médio Oriente, salienta.

A Lusa contactou por email a Presidência da República e o Ministério das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul, país que preside atualmente à União Africana, mas não obteve qualquer reposta.

A província de Cabo Delgado, onde avança atualmente o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico desde 2019.