O ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva afirmou esta segunda-feira que a eleição do futuro Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) “fecha um parêntese de quatro anos nas relações entre os EUA e a União Europeia (UE)”.

Num certo sentido, a eleição de Joe Biden fecha um parêntese de quatro anos nas relações entre os EUA e a UE. Um parêntese ao longo do qual a UE sempre viu os EUA como tradicionalmente via — como o seu mais próximo aliado, como outro elo do laço transatlântico, como o vizinho do outro lado do Atlântico — mas os EUA, pelo menos a administração dos EUA, viram a UE como, em primeiro lugar, uma entidade cujo fim advogavam — por isso defenderam tão entusiasticamente, antes mesmo da eleição, o ‘Brexit’ -, como um conjunto de países que eram olhados mais como parceiros menores do que como aliados, como uma instituição [UE] que, do ponto de vista económico e comercial, devia ser tratada como rival e de maneira confrontacional. Esse parêntese fecha-se agora”, sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Augusto Santos Silva falava aos jornalistas após o Conselho dos Negócios estrangeiros, que reúne o conjunto dos chefes da diplomacia da UE, e em que um dos temas discutidos foi a relação transatlântica.

Frisando que a UE propôs duas alternativas a Joe Biden para que uma cimeira UE-EUA se realize no início do próximo ano — ou um encontro à margem de uma cimeira da NATO, ou um encontro durante uma deslocação de Biden à Europa noutro âmbito — Augusto Santos Silva frisou que o que é “preciso é que [a cimeira] se realize”.

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É muito importante que nós aproveitemos o momento em que os EUA dizem, ‘sim, nós vamos regressar ao Acordo de Paris’, ‘sim, nós vamos regressar à Organização Mundial da Saúde’, ‘sim, nós queremos liderar o multilateralismo e as organizações multilaterais’, ‘sim, nós consideramos a UE os nossos aliados mais próximos’, e ‘sim, nós queremos tratar das divergências ou desencontros temos — e temos, em matéria, por exemplo, comercial e económica — como amigos e não como adversários”, frisou Santos Silva.

Na passada segunda-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, convidou o Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, para uma cimeira presencial no primeiro semestre de 2021, durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE).

Na altura, fontes europeias informaram que “o presidente do Conselho Europeu convidou os Estados Unidos para uma cimeira virtual e uma presencial na primeira metade de 2021”, abrangendo então a liderança portuguesa rotativa da UE.