Rebeldes armados incendiaram duas viaturas de transportes e fecharam na terça-feira a única via terrestre que ainda dá acesso a Palma, distrito do megaprojeto de gás natural de Cabo Delgado, Moçambique, disseram à Lusa fontes locais.

As duas viaturas circulavam na estrada de terra batida, carregadas de mercadorias e passageiros, em número indeterminado, desde Mueda, quando os motoristas notaram haver movimento em Pundanhar, aldeia abandonada desde há um mês após um ataque.

A povoação fica a cerca de 50 quilómetros de Palma.

As viaturas pararam e, por precaução, os condutores deram ordem para os ocupantes fugirem para o mato.

Quando alguns regressaram, os automóveis de transporte tinham sido saqueados e incendiados, acrescentou uma das fontes.

Outro motorista que tentou circular por aquela via havia reportado horas antes que a estrada estava bloqueada na mesma zona.

Um outro ataque contra viaturas de transporte nas imediações de Pundanhar, em setembro, vitimou pelo menos 24 pessoas, sepultadas por familiares e amigos no próprio local da incursão de rebeldes, por falta de condições de segurança para recolher os corpos.

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Noutro ponto do distrito de Palma, na segunda-feira, um grupo de insurgentes invadiu a tiro a aldeia de Mute, a menos de 25 quilómetros da área de construção do megaprojeto de gás natural liderado pela petrolífera francesa Total.

As Forças de Defesa e Segurança (FDS) responderam com o apoio de helicópteros e retomaram o controlo da povoação, enquanto a população fugiu em debandada para a vila sede de distrito outras povoações, em busca de segurança.

O ataque fez com que várias equipas das obras de infraestruturas no projeto de gás tivessem paralisado, por questões de segurança, na terça-feira e esta quarta-feira.

A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

A província está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico desde 2019.