Boris Johnson e Ursula von der Leyen poderão encontrar esta quarta-feira uma solução para a relação futura entre o Reino Unido e a União Europeia. Essa é a convicção do ministro de Estado britânico, partilhada aos microfones da BBC. “Muitas vezes é ao redor da mesa, quando temos dois decisores políticos, mano a mano, que se encontra uma saída, disse Michael Gove, que também defendeu que “não pode ser um acordo a qualquer preço”, sendo necessário haver concessões do lado da UE.
Esta quarta-feira à noite, a presidente da Comissão Europeia recebe o primeiro-ministro britânico em Bruxelas para continuarem a discussão sobre o Acordo de Parceria. Na véspera, o governo britânico anunciou que as duas partes chegaram a “um acordo de princípio em todos os assuntos, em particular no que diz respeito ao Protocolo sobre a Irlanda e a Irlanda do Norte”. As palavras são também de Gove, proferidas depois da sua reunião de trabalho com Maros Sefcovic, representante europeu no comité misto União Europeia-Reino Unido.
"It can't be a deal at any price"
Michael Gove MP, Cabinet Office Minister tells #BBCBreakfast the Prime Minister wants to avoid tariffs on trade with the EU but not at any cost. https://t.co/kJGGYXKr4b pic.twitter.com/mDsTTBYh64— BBC Breakfast (@BBCBreakfast) December 9, 2020
Em declarações diferentes de outras anteriormente proferidas, Michael Gove prometeu, na BBC, acesso “apropriado” a tratamento médico gratuito na União Europeia no pós-Brexit, embora frisando que isso acontecerá apenas por um determinado período de tempo, não avançando mais detalhes.
Outra novidade deixada pelo ministro de Boris Johnson foi sobre um dos assuntos mais complexos da negociação: os controles de fronteira entre a Inglaterra e a Irlanda do Norte. Quando questionado diretamente sobre o assunto — “O que diria a quem está a assistir, dizendo: ‘Sempre prometeu que não haveria uma fronteira no Mar da Irlanda’?” —, a resposta, sem grandes detalhes, foi curta: “Bem, não haverá”, garantiu Gove.
Na véspera, sobre este assunto, o ministro tinha assumido que haveria “um pequeno número de controles de precaução nos produtos alimentícios quando forem para a Irlanda do Norte”.
Como o Observador já explicou, na sequência do Acordo de Sexta-Feira Santa, que pôs fim à violência entre separatistas e unionistas no Irlanda do Norte, ficou determinado que não haveria uma fronteira entre as duas Irlandas, apesar de serem parte de dois países diferentes — e que tem sido um quebra-cabeças na aplicação do Brexit.
Brexit. Está a chegar a hora do adeus, mas nada garante que seja a bem