A última jornada da fase de grupos costuma ser sinónimo de poupanças para o Real Madrid, tomando em linha de conta o complicado calendário em dezembro e a situação resolvida em relação à passagem aos oitavos. Foi sempre assim mas qualquer regra tem a sua exceção e essa aparecia esta noite em Valdebebas, onde o conjunto de Zidane jogava o segundo match point do francês no comando depois da sofrida vitória em Sevilha: uma derrota na receção ao B. Mönchengladbach afastava o campeão espanhol da Champions e, no limite, da Europa, um empate poderia remeter a equipa à Liga Europa. Por isso, aquilo que mais se falou foi da continuidade do técnico.

Real canta pouco ou nada mas Bono deu-lhe um pouco de voz: Zidane salva-se no primeiro match point em Sevilha

“Vai ser um jogo diferente de todos os outros pelo contexto em que se joga. Queremos ganhar, somar os três pontos e acabar o grupo em primeiro, é o que temos na cabeça. Aliás, é uma boa oportunidade para demonstrar aquilo que valemos enquanto equipa. A avaliação ao treinador não entra aqui, não penso nessas coisas nem numa possível ida para a Liga Europa. Se me surpreendia se fosse demitido? O clube fará o que tem de fazer, como sempre. Da minha parte, só penso no jogo. O passado já passou, o importante é o presente e o futuro a começar já por este jogo em casa, onde estou convencido que vamos fazer bem as coisas”, destacou o técnico francês.

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A confiança tinha razão de ser. Como salientava um artigo de fundo do El País ouvindo algumas fontes internas dos merengues, a equipa encontra nestes momentos menos conseguidos o contexto para ressurgir das cinzas e assumir o estatuto de equipa candidata a todas as vitórias em todas as competições. Nem sempre as exibições têm uma grande nota artística, nem sempre a ideia de jogo se coaduna com a de um campeão espanhol mas os resultados lá vão aparecendo, como a série de triunfos consecutivos na última época após a pandemia que valeu o título. E são os mais experientes que dão o mote: o regressado Sergio Ramos na defesa, o meio-campo com Casemiro, Toni Kroos e Modric, o ataque com o inevitável Benzema. Aos 32 anos, o francês continua a bater recordes.

Ainda na primeira parte, o avançado bisou com dois golos de cabeça que faziam o resultado ao intervalo que iam aumentando o legado do número 9 no clube. A receção ao B. Mönchengladbach já seria histórica para Benzema, que iria igualar o número de jogos de Roberto Carlos como jogador estrangeiro com mais comparências pela equipa de Madrid (527). No entanto, o quinto melhor marcador da história do conjunto blanco com 257 golos, só atrás de Santillana (290), Di Stéfano (308), Raúl González (323) e Cristiano Ronaldo (451), não ficou por aí e, com o bis, tornou-se o primeiro jogador depois de Ronaldo e Messi a chegar aos 50 golos na fase de grupos da prova. Ao todo, o francês leva 69 golos na Liga milionária, a dois de Raúl, quarto com mais golos na competição.

No final, e apesar da derrota por 2-0, também os germânicos fizeram a festa em virtude do empate entre Inter e Shakhtar Donetsk em Milão, com o conjunto de Luís Castro a falhar o apuramento para os oitavos da Champions mas a vingar a goleada sofrida nas meias da Liga Europa da última temporada (5-0) com um nulo que afastou a equipa de Antonio Conte da Europa e relegou a formação ucraniana de novo para a Liga Europa.